Temer: segundo jornal, o presidente acusará a PGR de “realizar conclusões que não se sustentam pelos fatos” (Adriano Machado/Reuters)
Da Redação
Publicado em 27 de junho de 2017 às 06h39.
Última atualização em 27 de junho de 2017 às 13h01.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, esperou até o começo da noite de segunda-feira para apresentar a primeira de três denúncias contra o presidente Michel Temer.
Com base nas delações premiadas de executivos do grupo J&F, a PGR levou ao Supremo Tribunal Federal a denúncia de corrupção passiva contra o presidente e contra Rodrigo Rocha Loures, o deputado da mala. Este deve ser apenas o começo da batalha político-jurídica entre o Ministério Público Federal e o governo.
Com a ajuda de aliados, o presidente já traçou uma estratégia que colocará em prática a partir desta terça-feira: ele tentará desqualificar a atuação da PGR, classificando-a de política.
Temer critica, por exemplo, a proposta de Janot de diferenciar o caixa 2 eleitoral do crime de corrupção. Para o presidente, essa seria uma forma de o procurador angariar, de políticos enrolados, votos a favor da denúncia.
Ainda na teoria de Temer, o fatiamento das denúncias em três também seria uma prova da atuação política de Janot, porque dificultaria sua defesa.
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, Temer acusará a PGR de “realizar conclusões que não se sustentam pelos fatos”. Para não desgatar ainda mais a sua imagem, Temer lançará mão de seus advogados e da tropa de choque do governo — enquanto atua nos bastidores para barrar a denúncia.
Segundo a PGR, os 500.000 reais recebidos por Loures da JBS tinha como destino Michel Temer. A PGR pede condenação do presidente e também a perda do mandato, “principalmente por ter agido com violação de seus deveres para com o Estado e a sociedade”.
Pela tramitação estabelecida, após a denúncia chegar ao Supremo, ela deve ser enviada à Câmara. Ainda não se sabe se o ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato, dará tempo para que a defesa se manifeste antes de encaminhar os papéis para os deputados.
Na Câmara, pelo menos 342 dos 513 deputados precisam votar nominalmente pelo aceite da denúncia para que ela prossiga. A estratégia de Temer é justamente tentar fazer com que essa tramitação aconteça da forma mais rápida possível .
Mesmo aliados do presidente, no entanto, não avaliam como certa nem o ritmo desejado para as votações, nem que a denúncia não será aceita. Ainda assim, dizem que, hoje, o governo conta com mais de 200 votos certos para barrar o processo. A Câmara é, historicamente, muito volátil à pressão pública.
O fatiamento das denúncias também contribui para essa incerteza, já que, à princípio, forçará três votações abertas na Câmara. Mas as articulações, é claro, não param, e esse é o cenário do momento.
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