Michel Temer: uma das principais alegações será de que a gravação feita por Joesley Batista é ilegal (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 5 de julho de 2017 às 06h36.
Última atualização em 5 de julho de 2017 às 08h56.
O advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira vai à Câmara dos Deputados nesta quarta-feira para protocolar a defesa do presidente Michel Temer na Comissão de Constituição e Justiça.
A peça terá cerca de 100 páginas, em que as principais alegações são de que a gravação feita pela empresário Joesley Batista da conversa com o peemedebista no Palácio do Jaburu é ilegal e questionará os indícios apresentados de que Temer era o destinatário final dos 500.000 reais entregues ao ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR).
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Chamam atenção dois fatos: a pressa em entregar a defesa, na segunda de dez sessões disponíveis, e o fato de jogar Rocha Loures aos leões, fazendo-o se virar com o título de “homem da mala”.
O presidente Temer agendou encontros durante toda a terça-feira, com 22 parlamentares envolvidos direta ou indiretamente na apreciação da denúncia na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.
Estima-se que o presidente tenha a seu lado entre 25 e 30 parlamentares. Quer ao menos 40 para ter segurança. Para vencer, precisa da maioria dos 66.
Apesar de uma derrota na CCJ não ser o fim da linha para o presidente, o jogo de xadrez é por uma boa imagem. Uma vitória forte criaria uma imagem positiva e reforça o efeito manada para salvar o peemedebista em Plenário.
Uma tarefa mais complicada considerando que o governo sangra com fatos novos a cada dia, como a prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima e a iminência de uma delação premiada de Lúcio Funaro, operador do PMDB em esquemas de corrupção.
A correria com a defesa é, portanto, para evitar uma debandada da base. Temer já teve 380 votos na Câmara, na época da PEC do teto de gastos. Agora, não pode ter menos que 172.
Por outro lado, mostra ao o empresariado que o governo tem força suficiente no Congresso para manter uma agenda de ajustes. Esse é o principal alicerce de apoio que tem o presidente com o setor produtivo.
Se essa camada perceber que o governo está inviável no Parlamento, pode segurar a mão nos investimentos e voltar a cortar postos de trabalho, afetando mais as classes mais baixas e gerando pressão nos parlamentares. Daí para a queda, basta um passo.
Por enquanto, seguem os ares de normalidade. No Senado, foi aprovado o pedido de urgência para votação da reforma trabalhista. A expressiva margem manifesta na votação, cerca de 70% dos votos dados, é mais um sinal do comprometimento da base de apoio ao governo com as medidas que estão modernizando o Brasil e nossa economia”, disse o presidente em nota.
A ordem é essa: junto com afagos aos deputados, Temer vai ressaltando a tramitação das reformas e os números da economia. Uma receita para tentar colocar no esquecimento as denúncias criminais que estão ou vem aí.