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Teich exonera 13 na Saúde enquanto Bolsonaro negocia cargos com o Centrão

A nova gestão tem loteado cargos estratégicos com militares e promete também espaços a partidos do Centrão, como PL e PP

Nelson Teich: ministro exonerou 13 cargos da pasta da saúde (Alan Santos/PR/Flickr)

Nelson Teich: ministro exonerou 13 cargos da pasta da saúde (Alan Santos/PR/Flickr)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 7 de maio de 2020 às 19h05.

Última atualização em 7 de maio de 2020 às 19h18.

O ministro da Saúde, Nelson Teich, exonerou 13 servidores da pasta nesta quinta-feira, 7. As trocas já estavam previstas desde a saída de Luiz Henrique Mandetta (DEM) do cargo de ministro, em 16 de abril, e algumas mudanças foram feitas a pedido dos servidores.

A nova gestão tem loteado cargos estratégicos com militares e promete também espaços a partidos do Centrão, como PL e PP. Para gestores do SUS, Teich parece "tutelado" pelo Palácio do Planalto e pela ala militar do governo.

O ministro nega a tutela. Em reunião na Câmara dos Deputados nesta quinta-feira, 7, ele afirmou que é "o líder" do ministério.

As mudanças esvaziam áreas estratégicas, como a Secretaria de Atenção Primária à Saúde (Saps), que trata da gestão de postos de saúde, ambulatórios e atendimentos de "saúde da família", e a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), responsável pela elaboração de diretrizes do governo federal sobre a resposta à covid-19, incluindo medidas de isolamento social.

Foram exonerados da SVS Sônia Maria Feitosa Brito e Rodrigo Lins Frutuoso. Eles atuavam na pasta há mais de uma década e faziam parte da equipe de Wanderson Oliveira, secretário Nacional de Vigilância em Saúde. As demissões foram pedidas pelos próprios servidores. Oliveira também chegou a pedir para sair do governo nos últimos dias da gestão Mandetta, mas segue no órgão por solicitação de Teich.

Entre os exonerados nesta quinta, seis nomes atuavam na Saps. A pasta está sem secretário titular desde 30 de abril, quando o médico Erno Harzheim foi exonerado. Ele entrou no governo Jair Bolsonaro por indicação do médico João Gabbardo, que também deixou a pasta após a saída de Mandetta.

Equipe

A composição da equipe de Teich reflete acordos do governo Bolsonaro para costurar apoio tanto da ala militar como de partidos do "Centrão" no Congresso.

O general Eduardo Pazuello foi nomeado secretário-executivo, "número 2" do ministério, e indicou mais de uma dezena de militares ao órgão, que estão sendo nomeados aos poucos.

Uma das principais mudanças previstas é a nomeação do coronel Alexandre Martinelli Cerqueira na Diretoria de Logística (DLOG), área responsável por compras do ministério. O militar deve ocupar a vaga de Roberto Ferreira Dias, indicado ao cargo pelo ex-deputado Abelardo Lupion (DEM-PR) no começo do governo Jair Bolsonaro.

Gestores do SUS que participaram recentemente de reuniões com o ministro afirmaram ao Estado que Teich parece "perdido" e sem dar uma diretriz sobre o que pretende fazer no ministério.

Único indicado pelo novo ministro a ser nomeado como secretário até agora, o médico e biofísico Antonio Carlos Campos de Carvalho vai ocupar a secretaria de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde. Ele é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). No cargo, Carvalho fica responsável pela avaliação da oferta de tecnologias no SUS. A pasta emite notas técnicas recomendando ou não uso da cloroquina, por exemplo. A secretaria ainda é estratégica por tratar de parcerias com o setor produtivo, chamadas de PDP.

Antes de Carvalho, a secretaria era chefiada pelo médico Denizar Vianna. Ele segue no Ministério da Saúde como assessor especial de Teich.

A Secretaria de Vigilância em Saúde foi prometida ao PL, do ex-deputado Valdemar Costa Neto, condenado no mensalão e investigado pela Lava Jato. Ainda não há nome para o cargo. A pasta hoje é ocupada pelo epidemiologista Wanderson Oliveira.

O PP também tem interesse em emplacar nomes na Saúde. Uma ideia é acomodar um apadrinhado na Secretaria de Atenção Especializada à Saúde (SAES), responsável, por exemplo, por aprovar o custeio com verba federal do funcionamento de leitos hospitalares em Estados.

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