Banco Central: última paralisação durou 48 horas e foi acompanhada por 80% dos trabalhadores (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 13 de outubro de 2014 às 18h04.
Brasília - Técnicos do Banco Central prometem mais 72 horas de paralisação a partir da zero hora desta terça-feira, 14, segundo o vice-presidente do Sindicato Nacional dos Técnicos do BC (Sintbacen), Willekens Brasil.
Esta é a quinta vez que os funcionários cruzam os braços para se manifestarem a favor da "modernização da carreira" desses trabalhadores.
Nas duas primeiras, em abril, a duração foi apenas de horas e, segundo o sindicato, contou com adesão de 90% da categoria.
Em maio, os profissionais ficaram parados por um dia. Em setembro, a última paralisação durou 48 horas e foi acompanhada por 80% dos trabalhadores.
Além de mais duradoura, a greve prometida para a partir de amanhã pressionará mais o BC por ocorrer às vésperas do segundo turno da eleição presidencial. Durante a primeira fase das campanhas, a autonomia da instituição foi tema dos debates entre os candidatos.
Brasil, no entanto, garantiu que o movimento não tem conotação política. "Esta é a quinta do ano. Estamos fazendo em doses homeopáticas e isso só ocorre porque não tivemos uma resposta", disse.
O BC conta com 682 técnicos em diversas funções, mas as áreas mais afetadas são as de segurança e de circulação de moeda. Ele afirmou que tanto o BC quanto o Ministério do Planejamento assumiram em 2004 e 2008 o compromisso de modernizar esse cargo.
Os sindicalistas foram recebidos pelo presidente do BC, Alexandre Tombini, em 17 de setembro.
Na ocasião, de acordo com os participantes, o presidente se dispôs a destravar as questões no Ministério Planejamento, mas reclamaram que nada ocorreu até agora.
Houve, ainda segundo o sindicalista, uma nova tentativa de audiência com Tombini no início deste mês, que não foi atendida.
"Não teve nada de concreto. Se tivesse tido qualquer indicação de avanço, não seria necessária uma nova paralisação. Fazemos isso para forçar", argumentou.
São dois os pleitos dos trabalhadores: mudança no critério de acesso aos cargos da carreira de especialista do BC, com o cargo de técnico passando a ter exigência escolar de nível superior completo, e adequação dos cargos de analista e técnico nas novas exigências.
Segundo os sindicalistas, ao contratar mais analistas do que técnicos, o BC acaba por usar mal o dinheiro da população, já que os primeiros têm salários maiores, mas acabam desempenhando a função dos demais trabalhadores.
"A sociedade paga caro por essa pirâmide invertida do BC", alegou Brasil.
"Não é ilegalidade, mas é imoralidade, desvio de função", completou.