(Marcelo Endelli/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 18 de novembro de 2023 às 16h13.
Última atualização em 18 de novembro de 2023 às 16h15.
Após uma fã morrer durante o show da cantora americana Taylor Swift na noite de sábado no Rio de Janeiro, a classe política começou a se movimentar para propor mudanças na realização de eventos e denunciar a produtora do espetáculo, a T4F.
Ana Benevides, de 23 anos, morreu no estádio Nilton Santos após passar mal em meio à forte onda de calor pela qual passa a cidade. A cantora chegou a interromper a apresentação para pedir que os seguranças distribuíssem água ao público, depois de ver um cartaz na plateia.
"Tem gente que precisa de água, bem aqui. Cerca de 30, 35, 40 pessoas ali atrás, estão segurando um cartaz dizendo 'precisamos de água'. Por favor, certifiquem-se de que isso aconteça. Posso ter um sinal de que vocês sabem onde eles estão? Está bem? Desculpem, está muito calor", pediu a artista.
Neste sábado, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino anunciou a assinatura de uma portaria, por meio da Secretaria Nacional do Consumidor, garantindo o acesso gratuito de garrafas d'água de uso pessoal em eventos.
O documento também obriga as empresas responsáveis pela produção de eventos a disponibilizar bebedouros ou distribuir água adequada para consumo para os espectadores, por meio da instalação de "ilhas de hidratação".
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, disse nesta manhã que já determinou ao Chefe Executivo de Operações do município que exija providências junto a produção do show. Entre as medidas anunciadas estão antecipar a entrada em 1 hora e ocupar o anel de circulação para tirar o público do sol; novos pontos de distribuição de água; aumento de número de brigadistas; aumento de ambulâncias.
Logo depois, o governador do estado, Claudio Castro, também anunciou medidas: instalação de mais bebedouros dentro do Engenhão e permissão da entrada de garrafas vazias, sem tampa, para servir de refil, depois de o Procon oficiar a organizadora; distribuição de água no entorno do estádio por agentes da Cedae e da Operação Lei Seca; mais ambulâncias dos bombeiros disponibilizadas nos arredores do Engenhão, para atender ocorrências; seis caminhões para jogar água nos fãs durante o calor.
A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) protocolou um projeto de lei na mesma direção, permitindo o ingresso de garrafas d'água em shows e estabelecendo a disponibilização de água no espaço. O não cumprimento da lei pode gerar multas e a suspensão da empresa em realizar eventos, segundo sua proposta.
Erika publicou no X (ex-Twitter) uma denúncia enviada ao Ministério Público Federal (MPF) contra a T4F. Ela escreveu: "A venda de água nessa situação, além de cruel, torna-se também um pesadelo logístico para seu fornecimento, impedindo que o público acesse o que há de mais básico com facilidade e colocando-o em situação de risco. A saúde das pessoas não é mercadoria. E as empresas que atentam contra ela precisam ser responsabilizadas".
A deputada estadual do Rio de Janeiro Renata Souza (PSOL) publicou nas redes sociais que deve dar o nome de Ana Clara Benevides para um projeto de lei que deve protocolar na Assembleia Legislativa (Alerj).
"Já estávamos desenvolvendo um projeto de lei c/ a @southaferreira p/ a distribuição de água p/a população + vulnerável nas ruas, mas diante da absurda morte de Ana no show da Taylor, vamos apresentar a Lei Ana Clara Benevides na Alerj e Câmara do Rio p/oferta de água em eventos", escreveu ela.
Em São Paulo, a deputada estadual Andréa Werner (PSB) prepara um ofício para a Secretaria de Saúde verificar como estão os protocolos de atendimentos em eventos. Ela diz que também vai acionar o Ministério Público e a SPTuris, a empresa oficial de turismo e eventos da capital paulista, para cobrar medidas de segurança aos frequentadores de eventos durante a onda de calor. A deputada também deve protocolar um projeto de lei para obrigar organizadores a oferecer água gratuitamente em shows.