Brasil

Taxistas alegres e formais para vencer o Uber em São Paulo

A partir de agora, os motoristas da maior cidade do país terão que renovar seus guarda-roupas para cumprir com estritas regras de vestuário e comportamento


	Táxis: eles também não podem usar de palavrões, sarcasmo ou fazer brincadeiras com os passageiros
 (Paulo Pinto/ Fotos Públicas)

Táxis: eles também não podem usar de palavrões, sarcasmo ou fazer brincadeiras com os passageiros (Paulo Pinto/ Fotos Públicas)

DR

Da Redação

Publicado em 20 de janeiro de 2016 às 09h17.

São Paulo - Taxistas com roupas mais formais, barba feita, unhas limpas, otimistas e muito mais alegres: essa é a nova estratégia colocada em prática nesta semana pela prefeitura de São Paulo e com a qual muitos profissionais do setor esperam reconquistar os clientes que migraram para o aplicativo Uber.

A partir de agora, os motoristas da maior cidade do país terão que renovar seus guarda-roupas para cumprir com estritas regras de vestuário e comportamento, que incluem terno e gravata ou até smokings para os táxis da categoria "luxo".

Os moletons, por exemplo, são totalmente proibidos. Assim como as camisas de esportivas, de times de futebol, bermudas e camisetas.

É também "condição obrigatória" que os sapatos dos taxistas paulistanos estejam sempre "lustrados e bem conservados". Já os cintos devem estar corretamente afivelados.

Ganharam um capítulo à parte nas recomendações os cheiros dentro do veículo.

Os taxistas devem evitar "qualquer aroma que cause incômodo ao passageiro", como "suor", "cigarros", "bebidas alcóolicas" e "perfumes de fortes fragrâncias".

Eles também não podem usar de palavrões, sarcasmo ou fazer brincadeiras com os passageiros, de acordo com as novas normas.

A cartilha recomenda que eles "evitem polêmicas ou situações que provoquem o estresse do passageiro em virtude de paixões esportivas, convicções partidárias, fé e cultos religiosos, opções de comportamento pessoal".

Além disso, os motoristas não podem falar sobre "problemas particulares ou da própria categoria". Mas estão autorizados a ficar em silêncio ou conversar sobre os temas abordados pelos passageiros.

Também estão liberados comentários sobre informações turísticas e colocar músicas ou rádios de notícias.

Já de forma opcional, a cartilha da prefeitura de São Paulo sugere que os clientes sejam recebidos com "otimismo e alegria".

Além disso, recomenda que os taxistas também ofereçam água mineral aos passageiros.

Os condutores também serão obrigados a disponibilizar carregadores para dispositivos eletrônicos - como celulares e tablets - e permitir o pagamento com cartão de crédito ou aplicativos.

Caso não cumpram com os requisitos, os motoristas podem ser multados.

"Agora o Uber não terá nada melhor do que nós, não oferecerá nenhum diferencial em relação ao táxi convencional, de modo que os passageiros não terão desculpas para deixar de utilizar o serviço municipal, que conta com uma frota de 45 mil carros", disse o assessor de imprensa do Sindicato dos Taxistas Autônomos de São Paulo, Victor Hugo Badueta, em entrevista à Agência Efe.

De acordo com Badueta, a cartilha é apenas uma "atualização" das normas que estão em vigor há décadas e tem um objetivo claro: não deixar que 10% dos taxistas prejudiquem outros 90% que atendem bem.

Desde que chegou ao Brasil em 2014, o Uber provocou uma enorme polêmica sobre a legitimidade e a legalidade do serviço.

As discussões chegaram até o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que investiga denúncias de condutas anticompetitivas praticadas por taxistas.

Enquanto os motoristas de táxi alegam concorrência desleal, os usuários do Uber justificam a adesão ao aplicativo ao defenderem que a empresa oferece um serviço mais personalizado e barato.

Para tentar regulamentar a situação, a prefeitura de São Paulo lançou em outubro uma nova categoria de táxis que pode ser usada pelos profissionais do Uber, pagando uma licença.

Ela foi batizada de "táxi preto", a mesma cor dos veículos dos motoristas do aplicativo, cujo caso específico está sendo estudado pela prefeitura através de uma consulta pública que se encerra no fim do mês.

Enquanto a situação ainda está sendo analisada, os táxis municipais aproveitaram a polêmica para se atualizar e reforçar os aspectos nos quais a concorrência, por enquanto, está ganhando. 

Acompanhe tudo sobre:cidades-brasileirasMetrópoles globaismobilidade-urbanaSão Paulo capitalTáxisTransportesUber

Mais de Brasil

Um ano após enchentes, falta de moradias dificulta recuperação de vítimas no RS

Lewandowski participa de audiência na Câmara após governo enviar PEC da Segurança

Por 6 votos a 4, STF decide manter prisão de Collor

Mendonça diverge de Moraes em julgamento no STF e defende revogar prisão de Collor