Ensino superior (Frederick Florin/AFP)
Agência Brasil
Publicado em 5 de dezembro de 2018 às 12h05.
A quantidade de matrículas por cotas no ensino superior público do Brasil mais que triplicou de 2009 a 2016, ao passar de 1,5% para 5,2%. No mesmo período, houve aumento (28,1%) também na proporção de matrículas em universidades privadas com o Programa Universidade para Todos (ProUni) - de 5,7% para 7,3%.
Nos cursos de nível superior (bacharelado) presencial em instituições públicas, as matrículas registraram aumento de 809 mil para 1,2 milhão. No mesmo período, os números foram maiores nas instituições privadas. As matrículas nesses cursos cresceram de 2,8 milhões para 3,9 milhões.
A taxa de ingresso ao ensino superior dos alunos que tinham cursado os anos anteriores em escola privada é mais que o dobro a dos que estudaram na rede pública. A diferença é grande entre os que concluíram o nível médio na rede pública. Entre os alunos 35,9% conseguiram ingressar no ensino superior, enquanto os de instituições privadas foram 79,2%.
Os dados fazem parte da Síntese dos Indicadores Sociais 2018, divulgada hoje (5) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo traz um conjunto de informações da realidade social do país. O trabalho elaborado por pesquisadores da instituição tem como principal fonte de dados para a construção dos indicadores a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) de 2012 a 2017.
Os estudos indicam ainda que o Brasil não atingiu meta de universalização da pré-escola. De 2016 para 2017, o grupo de crianças de 4 e 5 anos que frequentava escola ou creche subiu de 90,2% para 91,7%, mas ainda insuficiente para atingir a meta de universalização do Plano Nacional de Educação (PNE). "[O PNE tem como meta] universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola para as crianças de 4 a 5 anos de idade e ampliar a oferta de educação infantil em creches de forma a atender, no mínimo, 50% das crianças de até 3 anos até o final da vigência deste PNE", destacou o IBGE.
Mesmo sem atingir a universalização, o instituto apontou que o Brasil está perto da média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) referente ao acesso à pré-escola. A taxa de crianças com 4 anos de idade em escolas ou creches no Brasil era de 87,1%. Na comparação com países OCDE, fica imediatamente abaixo da média de 88%, ocupando o 27º lugar entre 35 países - na frente do Chile, da Finlândia e dos Estados Unidos.
A estudo indicou ainda que estar trabalhando é o principal motivo para jovens não estudar. Na população com ensino médio completo e incompleto, os homens não estudavam principalmente por precisar trabalhar, procurar trabalho ou aguardar início do trabalho (52,5% no primeiro grupo e 48,9% no segundo). Esse motivo também se mostrou relevante para as mulheres (23,2% e 33,6% respectivamente). O estudo destacou que há um percentual consideravelmente maior entre elas. O motivo da falta de estudos era a dedicação aos afazeres domésticos e cuidados, o que concentrou 39,5% das jovens sem ensino médio e 14,7% das jovens com ensino médio que não haviam concluído o ensino superior.