Coronavírus: nos últimos dias a contaminação subiu para 1,46 no Rio de Janeiro (Andre Coelho/Getty Images)
Agência O Globo
Publicado em 29 de junho de 2020 às 07h32.
Última atualização em 29 de junho de 2020 às 15h35.
O índice de contaminação do coronavírus aumentou durante a última semana na cidade do Rio, segundo um estudo elaborado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Na terceira semana do mês de junho o índice já havia aumentado, de moderado para alto. Mas nos últimos dias a contaminação subiu de 1,39 para 1,46 na cidade — quando duas pessoas doentes podem infectar quase três.
O índice aumenta justamente na semana em que o prefeito Marcelo Crivella decidiu antecipar mais uma fase de reabertura da economia e até anunciar uma data para a volta de academias e público nos estádios de futebol. No início de junho, quando se decidiu pela começo da flexibilização na cidade do Rio, a mesma taxa era de 1,03, avaliada em “moderada”. Mas, em meados deste mês, o quadro mudou e o risco de infecção aumentou outra vez, como “alto”.
"Os critérios para a reabertura precisam ser revistos. É necessário que não seja antecipadas algumas medidas. Me parece que o critério muda de ordem econômica e política e não tanto de ordem cientifica. Os dados precisam ser transparentes", afirma o infectologista Roberto Medronho, um dos autores do estudo.
Neste domingo, O GLOBO mostrou como a pandemia do coronavírus afetou a cidade e se tornou um dos eventos mais fatais no Rio. Em dois meses, a Covid-19 provocou um terço dos óbitos no Rio e matou mais que o pior ano da violência no estado. Para Medronho, a antecipação da reabertura de alguns setores na capital foi precipitada:
"A reabertura da capital impacta diretamente no índice e ao longo das semanas ele vem aumentando, mostrando que a flexibilização foi precipitada. Aumentando o número de casos pode impactar os serviços de saúde e pode ser até que tenhamos que recuar na reabertura", avalia.
A contaminação média em todo o estado diminuiu, mas aumentou na Região Metropolitana se for contabilizada a capital. Sem a cidade do Rio, o índice da região caiu de 1,45 para 1,40. Para o especialista, o alto risco de contaminação pode impactar os municípios vizinhos, inclusive aqueles que tomaram medidas mais duras de isolamento:
"O Rio de Janeiro e a Região Metropolitana são umbilicalmente ligados. Há uma mobilidade muito grande entre os municípios", explica Medronho.
A taxa também reduziu na região Noroeste, onde a situação é a mais preocupante e que atualmente apresenta um risco de 1,89 — quando uma pessoa pode infectar quase duas. Já no Centro-Sul do estado, onde a contaminação é considerada "muito alta" e no Médio Paraíba, com risco "alto", o índice subiu.
A última semana, entre os dias 21 e 27 de junho, a cidade do Rio também registrou o menor índice de isolamento social desde o início da implantação das medidas para evitar a propagação do coronavírus. Dados da Cyberlabs, que analisa câmeras de segurança e trânsito em bairros da cidade, apontam que a média de isolamento na última semana foi de 47%. Foi a segunda queda consecutiva do índice, que chegou a ser de 85% durante a primeira semana de maio.
Taxa de isolamento na última semana:
Neste domingo, GLOBO flagrou aglomeração no calçadão e nas areias das praias do Rio. A cidade já acumula 6.393 mortes pela Covid-19 e 56.060 casos confirmados da doença. Outro levantamento feito pela prefeitura do Rio, mostra que as maiores aglomerações na última semana forma registradas na Zona Oeste. O pior dia foi na última terça-feira, quando foram registradas quase 11 mil pessoas em Campo Grande.
O levantamento é feito através de uma parceria entre o município do Rio e a Tim permite ao Centro de Operações (COR) detectar aglomerações na cidade por meio dos sinais de celular. Os dados usados pela operadora não identificam os usuários e a confidencialidade da privacidade é garantida.