Agência de notícias
Publicado em 22 de janeiro de 2025 às 15h23.
Última atualização em 22 de janeiro de 2025 às 15h23.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), assinou nesta quarta-feira, 22, um decreto que cria o Conselho Estadual de Mudanças Climáticas. O órgão tem caráter consultivo e deve discutir medidas para redução de emissões de poluentes até 2050 e ações para tornar as cidades paulistas mais resilientes contra desastres naturais.
O discurso de "vanguarda" do estado na governança ambiental adotado pelo governador contrasta com o aceno feito na terça-feira ao eleitorado de extrema direita, quando Tarcísio publicou em suas redes um vídeo em que veste um boné de campanha do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O americano retirou o país do Acordo de Paris em seu primeiro dia de mandato.
"O nosso plano de ação passa por ações de reflorestamento, pela bioeconomia, pelo fortalecimento institucional, pela educação ambiental e pela preservação dos parques. Lá atrás a gente prometeu reflorestar 37,5 mil hectares e já fizemos 17 mil. Não é conversa para boi dormir", afirmou o governador durante a solenidade no Palácio dos Bandeirantes.
Tarcísio não quis dar entrevista ao final do evento e delegou a tarefa para a secretária estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende. A secretária evitou comentar diretamente a medida de Trump que retira os Estados Unidos do compromisso internacional para manter o aquecimento global do planeta abaixo de 2ºC até o final do século, com esforços no sentido de 1,5ºC.
"A gente tem uma política muito robusta e muito clara que desde o início do governo vem desenvolvendo, de uma forma muito organizada para termos ações efetivas", declarou ela. "É a primeira vez em 16 anos que a Mata Atlântica teve uma regeneração maior do que o desmatamento, com restauração de 17 mil campos de futebol, algo muito significativo".
Segundo ela, a meta é “acelerar” esse tipo de política com a participação do conselho, que poderá opinar a respeito das propostas. A deliberação, contudo, fica a cargo do Comitê Gestor de Mudanças Climáticas, que também passa a contar a partir de agora com representantes da Secretaria Estadual de Saúde e da Defesa Civil.
O grupo é formado por 18 membros, sendo seis representantes do governo paulista, seis dos municípios e outros seis da sociedade civil. As entidades escolhidas por meio de processo interno, com direito a eleição e mandato de dois anos, foram Universidade de São Paulo (USP), Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Sociedade Rural Brasileira (SRB), Associação dos Engenheiros da Sabesp, Instituto de Conservação Costeira e Instituto Arayara.
O estado de São Paulo assumiu, há quatro anos, o compromisso de atingir a neutralidade de carbono até 2050, em uma campanha da Organização das Nações Unidas (ONU). A emissão de gases do efeito estufa, contudo, só crescem desde 2020. Foram 154,8 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e) em 2023, contra 142,4 milhões de toneladas em 2020, dado mais recente do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (Seeg), do Observatório do Clima.
Resende destaca que o perfil de emissão de poluentes do estado é diferente do restante do Brasil, com maior peso para os setores de transporte e energia, ao invés de agropecuária e mudança de uso da terra e florestas. Dessa forma, entende que investimentos em modais ferroviários e hidroviários, incluindo regras para adoção de combustíveis menos poluentes, como balsas elétricas, ajudam a reverter a tendência.
"O modal ferroviário é o segundo mais sustentável, e temos todo um portfólio. E estamos investindo muito no transporte hidroviário, como as obras para perenizar a hidrovia em Nova Avanhandava, próximo da usina. Uma embarcação de comboio duplo equivale a menos 173 caminhões. Isso gera uma sustentabilidade muito grande: pelos nossos cálculos, 20 milhões de toneladas de sequestro de carbono", afirma a secretária.