Sabesp: governo defendeu desde o início das discussões que o processo iria reduzir o valor da conta de água (Celio Messias / Governo do Estado de SP/Flickr)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 12 de dezembro de 2023 às 11h42.
Última atualização em 12 de dezembro de 2023 às 12h15.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou na segunda-feira, 12, que mesmo com a privatização da Sabesp, aprovada na semana passada pela Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), a tarifa de água paga pela população vai aumentar, porém em um valor menor que sem a desestatização.
“A tarifa vai subir, mas a privatização garante que ela vai subir num valor menor”, disse o governador em um evento, em São Paulo. A fala do governador representa um recuo em relação ao discurso do governo em defesa da desestatização da companhia com base na redução da tarifa para o consumidor.
Desde os primeiros meses de governo, até a aprovação da matéria na Alesp, membros da gestão Tarcísio defendiam que a desestatização representaria uma redução da tarifa. Em nota após a aprovação, a administração estadual afirmou que o encaminhando da venda da empresa permitirá a "redução de tarifa e garantir acesso à água e esgoto para 10 milhões de pessoas”.
No texto da desestatização, a promessa de redução da tarifa da água é vinculada ao Fundo de Apoio à Universalização do Saneamento no Estado de São Paulo (FAUSP), que será abastecido com 30% do valor de venda das ações, além dos futuros dividendos da companhia. Contrários à proposta afirmam que a desestatização terá efeito contrário e vai aumentar o preço da conta de água.
Segundo o governador, o estado vai seguir como um acionista relevante da companhia e terá um papel importante na governança da empresa. "As dúvidas estão sendo equacionadas e em breve vamos divulgar o novo modelo regulatório. Estudamos o que deu errado e o que deu certo para incorporar no nosso modelo", afirmou.
Tarcísio disse ainda que a privatização da Sabesp não tem objetivo arrecadatório. Se fosse o caso, emendou, o processo não incluiria um fundo para universalização do saneamento, que, conforme o projeto, vai receber 30% do valor levantado com a venda das ações.
"Se fosse arrecadatório, venderíamos a Sabesp inteira ... Estamos trazendo um parceiro", acrescentou o governador, pontuando que o governo busca um investidor que olhe para o crescimento da empresa no longo prazo.
Sobre as negociações com os municípios, ele afirmou que não está preocupado que as eleições municipais de outubro do ano que vem prejudiquem o processo, e que tudo será resolvido antes do pleito.
"A discussão está evoluindo bem, já fizemos apresentações para vereadores. A tratativa com a equipe técnica da prefeitura está muito azeitada. Vamos ter zero dificuldade com a capital. Vai passar", disse Tarcísio.