Tabata Amaral: EXAME revelou que a parlamentar pagou a Daniel 23.050 de reais, do fundo eleitoral (Câmara dos Deputados do Brasil/Wikimedia Commons)
Clara Cerioni
Publicado em 24 de julho de 2019 às 11h21.
Última atualização em 24 de julho de 2019 às 11h21.
São Paulo — A deputada federal Tabata Amaral se pronunciou na manhã desta quarta-feira (24) sobre a contratação de seu namorado, o colombiano Daniel Alejandro Martínez, durante as eleições de 2018.
No último sábado (20), EXAME revelou que a parlamentar pagou a Daniel 23.050 de reais, do fundo eleitoral, pela prestação de serviços de análise estratégica.
Na ocasião, a deputada não quis conceder entrevista para explicar o trabalho realizado pelo colombiano. Via assessoria de imprensa, ela se limitou a dizer que "cumpriu as leis eleitorais na contratação de seus serviços e pessoas".
"Daniel disse não a diversas oportunidades de emprego e postergou projetos profissionais, por vários meses, para poder trabalhar em minha campanha. Quem já fez campanha saindo do zero sabe que é muito difícil encontrar pessoas que queiram interromper suas carreiras por meses por algo tão pouco palpável e possível, e comigo não foi diferente. Quando decidi me candidatar, no início, pude contar com menos de 10 pessoas, e o Daniel foi uma delas", afirmou em seu perfil oficial no Facebook.
Ela acrescentou, ainda, que "ele fez pesquisas, conversou com especialistas de educação e pobreza e teve um papel muito importante na construção de um documento de dezenas de páginas com minha visão e propostas para diversas áreas, de educação a moradia".
Leia o posicionamento na íntegra:
Formado em ciências e filosofia com bolsa integral pela Universidade Harvard, Martínez conquistou diversos prêmios durante a sua graduação. É bolsista do programa “Michael C. Rockefeller Fellowship”, um dos mais disputados da universidade americana e, atualmente, está estudando questões ecológicas e econômicas da Amazônia.
Empregar o namorado durante a campanha não pode ser considerado ilegal, uma vez que, à época, a hoje parlamentar não havia assumido o cargo público.
Devido à sua posição contrária, sofreu diversos ataques da direção e simpatizantes do partido, especialmente do ex-candidato à presidência Ciro Gomes. Em entrevistas, o ex-governador e ex-ministro afirmou que Tabata fazia “dupla militância” e que “ela deveria ter a dignidade de sair do partido”.
EXAME apurou que o clima para a deputada dentro do PDT está longe de ser positivo. A coluna Radar, da revista Veja, afirmou que o presidente do partido, Carlos Lupi, “quer ver a deputada sangrar”. A expulsão, no entanto, está fora de cogitação para o partido não perder o direito de exigir o mandato dela na Justiça Eleitoral.
De fato, Tabata está sendo mais pressionada do que os outros deputados que contrariaram a posição do partido. Da bancada de 27 congressistas, além dela, sete votaram a favor da reforma. As críticas, no entanto, estão sendo direcionadas mais para Tabata.