Ingressos: ele é acusado de ser o principal fornecedor de entradas da Copa (AFP/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 8 de julho de 2014 às 11h46.
Rio - Raymond Whelan, diretor da empresa Match Services, parceira da Fifa, foi solto na madrugada desta terça-feira, mediante pagamento de fiança. Segundo o delegado do Rio que lidera a investigação, Fábio Barucke, ele responderá pelas acusações em liberdade. Ele pagou uma fiança de R$ 5 mil, deixou uma garantia de que não vai fugir e informou que permanecerá em um endereço na Barra da Tijuca, no Rio.
A Match, por meio de uma nota, indicou que Whelan vai continuar a trabalhar na operação da Copa do Mundo. "Ray Whelan, assim como os demais funcionários da Match, vão continuar a trabalhar em nossas áreas operacionais de responsabilidade para entregar uma Copa do Mundo de 2014 no Brasil com sucesso", declarou a empresa.
Ainda segundo o comunicado, Whelan vai "ajudar a polícia" nas investigações. "Temos total fé de que os fatos vão estabelecer que ele não violou qualquer lei", disse. A empresa ainda informou que vai dar "apoio total às investigações" e que "Ray será exonerado".
Era 4h40 da madrugada quando o suspeito deixou o 18.º DP (Praça da Bandeira), na zona norte do Rio. Ele é investigado pela Polícia Civil de ser o principal fornecedor de ingressos para jogos do Mundial a uma quadrilha que já foi presa no Rio.
No momento da prisão, Whelan negou que tivesse qualquer tipo de contato com a quadrilha.
Ainda que Whelan não seja um funcionário da Fifa, ele atua em nome da entidade na organização de pacotes e até do credenciamento de hotéis para a Copa. Nos últimos dias, tem sido a porta-voz da Fifa quem tem respondido pelos problemas, e não o porta-voz da Match.
A empresa é ainda controlada pela Infront, uma companhia que tem como acionista Phillip Blatter, sobrinho do presidente da Fifa, Joseph Blatter. Em nota, a Match informou que as conclusões da polícia são "precipitadas" e que ficará provado que Whelan não cometeu irregularidades.
O promotor responsável pela operação Jules Rimet, Marcos Kac, da 9a Promotoria de Investigação Penal, considerou "um absurdo" a soltura do CEO da Match, Ray Whelan, preso ontem e apontado como principal fornecedor do milionário esquema de venda ilegal de ingressos da Copa do Mundo.
"O cara que era pra ficar hoje detido agora pode pegar um jatinho para Belo Horizonte para ver o jogo (a semifinal entre Brasil e Alemanha), enquanto ninguém que você conhece conseguiu comprar ingresso", disse o promotor, que atua em conjunto com a polícia na investigação.
Segundo Kac, a soltura de Whelan é um absurdo porque "a pessoa que soltou não conhece o inquérito", disse, referindo-se à desembargadora que proferiu a decisão no plantão judiciário durante a madrugada, Marilia de Castro Vieira.
"Temos muitos elementos contra ele e estamos todos muito chateados com essa decisão. Entre outras provas, são mais de 900 registros de ligações e mensagens telefônicas entre ele e o Fofana. Não fizemos a operação ontem de 'orelhada'", afirmou o promotor.
"Essa quadrilha movimentava milhões. Cadê o dinheiro que não aparece? É o que estamos tentando descobrir e agora o principal suspeito está solto", declarou. "Ele foi solto no plantão com base em nada."