Reforma trabalhista: lei que poderia criar 6 milhões de empregos, segundo o governo, segue com mais dúvidas do que certezas (Dedoc/VEJA)
EXAME Hoje
Publicado em 16 de agosto de 2018 às 06h41.
Última atualização em 16 de agosto de 2018 às 07h31.
Tida pelo presidente Michel Temer como uma das grandes vitórias de seu governo, a reforma trabalhista completa nove meses trazendo mais dúvidas que certezas. O Supremo Tribunal Federal julga nesta quinta-feira um dos pontos centrais da reforma: se todos os serviços de uma empresa podem ser terceirizados, incluindo a atividade-fim.
A Corte vai apreciar três processos protocolados por empresas e entidades patronais antes da aprovação da nova lei. Ainda assim, sua posição deve servir para trazer mais segurança jurídica para a nova lei — ou para nublar ainda mais seus efeitos.
A primeira ação é da Associação Brasileira do Agronegócio, e visa mostrar que o Tribunal Superior do Trabalho (TST) não pode barrar a terceirização da atividade-fim. A segunda ação é da fabricante de celulose Cenibra e também questiona um veto do TST; a terceira ação foi movida por uma atendente contratada pela empresa de call center Contax.
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A reforma trabalhista foi sancionada pelo presidente Michel Temer em julho do ano passado e entrou em vigor em novembro. O período de 120 dias entre um e outro evento, na teoria, serviu para que empresários e empregados conhecessem o novo texto e também para que o próprio Temer fizesse prometidos ajustes, via medidas provisórias. Mas os ajustes nunca foram feitos, e a lei continua trazendo mais dúvidas do que certezas.
Em linhas gerais, o texto permite a terceirização das atividades-fim, dá mais poder ao combinado entre empregadores e empregados, e retira poder dos sindicatos com o fim do imposto sindical. Entre os pontos polêmicos que não foram esclarecidos pelo presidente estão uma regulação mais clara da jornada intermitente e licença para gestantes em ambientes de insalubridade.
Advogados especialistas em direito do trabalho afirmam que pontos de dúvidas são naturais em novas legislações, e devem ficar mais claros com o posicionamento do judiciário em cada caso.
Quase um ano após a entrada em vigor da nova lei, outro de seus efeitos ficou na promessa: a geração de empregos. Henrique Meirelles, ministro da Fazenda na época e atual candidato à Presidência, afirmou que a reforma geraria 6 milhões de empregos. Mas o desemprego não caiu, e segue perto dos 13%.
Se o Supremo trouxer mais clareza sobre os efeitos da nova lei, ganham todos, empregadores, empregadores e o país.