O presidente da CBF, José Maria Marin: o governo americano tem agora até o dia 3 de julho para substanciar o pedido de extradição (REUTERS/Sergio Moraes)
Da Redação
Publicado em 2 de junho de 2015 às 12h54.
Genebra - A Justiça suíça deu até a próxima segunda-feira para que José Maria Marin, ex-presidente da CBF, apresente um recurso para que possa esperar pela extradição aos Estados Unidos em liberdade condicional em Zurique. Informações reveladas ao Estado de S. Paulo pelo Departamento de Justiça de Berna confirmam que o recurso poderá ser apresentado até o dia 8 de junho.
Por enquanto, o porta-voz do governo suíço, Folco Galli, garante que nenhum recurso foi apresentado. Mas estima que "dificilmente" o apelo seria atendido. Marin, apesar de estar com 83 anos, não tem propriedades na Suíça e o governo insiste que existe o "risco de fuga". Nem sua idade seria motivo condicionante para liberá-lo.
O governo americano tem agora até o dia 3 de julho para substanciar o pedido de extradição, com novos documentos e a base legal. Berna considera que isso deve ocorrer nas próximas semanas.
Se Marin recorrer também nesse caso, o processo pode tramitar por cerca de seis meses. Nesse período, ele poderia até mesmo pedir para trabalhar na prisão da região de Zurique, se preferir.
Berna explicou à reportagem que decidiu prender Marin por considerar que as provas apresentadas pelos EUA sobre Marin seriam suficientes para "motivar uma extradição".
Na última quarta-feira, o brasileiro foi um dos sete cartolas da Fifa presos em Zurique, acusado pelo FBI de corrupção e envolvimento num esquema que movimentou US$ 150 milhões (R$ 423,7 milhões).
"Na base da descrição fornecida pelos EUA no pedido de prisão, o Departamento de Justiça estimou que os fatos denunciados, a priori, poderiam motivar uma extradição", indicaram as autoridades policiais da Suíça.
O Departamento da Justiça da Suíça recebeu o pedido de extradição seis dias antes da operação. No dia 22 de maio, os advogados do governo passaram a examinar os documentos sobre Marin e confirmaram que existiam indícios suficientes para realizar a prisão e a extradição do brasileiro para os EUA.
O caso rapidamente chegou até a ministra de Justiça, Simonetta Sommaruga, que consultou o restante do governo e até o presidente suíço para dar o sinal verde.
A etapa seguinte foi repassar para a polícia cantonal de Zurique o trabalho de operacionalizar a prisão, o que ocorreria no dia 27 de maio.
Para tentar evitar uma extradição aos EUA, o ex-presidente da CBF contratou um advogado suíço especialista em crimes financeiros e cooperação internacional.
O nome escolhido foi o de Georg Friedli, com sede em Berna. À reportagem, ele indicou que falará apenas no dia 3 de julho, quando vencem os prazos. "Talvez o pedido de extradição nunca chegue", declarou.