A expectativa é que ainda hoje seja formada uma maioria no colegiado para condenar Dirceu pelo crime de corrupção ativa (Antônio Cruz/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2012 às 15h01.
Brasília - O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Carlos Ayres Britto, abriu nesta terça-feira a 33ª sessão de julgamento do processo do mensalão. O caso será retomado com o voto do ministro Dias Toffoli sobre o envolvimento do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. A expectativa é que ainda hoje seja formada uma maioria no colegiado para condenar Dirceu pelo crime de corrupção ativa por ter comandado o esquema de compra de apoio político no Congresso no governo Lula.
Três dos atuais dez ministros do STF já condenaram o ex-chefe da Casa Civil e devem ser acompanhados pelos colegas nesta terça-feira. Ex-subordinado a Dirceu no governo, Toffoli deve votar para absolvê-lo das acusações.
A presidente Dilma Rousseff quer blindar o governo contra qualquer efeito da condenação do ex-ministro e dos ex-dirigentes do PT José Genoino e Delúbio Soares. Nos últimos dias, a orientação repetida no Palácio do Planalto é a de respeitar o veredicto do tribunal, evitar manifestações políticas públicas contra esse resultado e tocar as medidas do governo normalmente, sem qualquer alteração.
A mesma instrução já tinha sido transmitida por Dilma aos principais auxiliares desde o início do julgamento, em 2 de agosto. A ordem era "não provocar marolas para evitar que efeitos negativos do processo contaminassem o governo e prejudicassem sua imagem", segundo relatou ao 'Estado' um interlocutor direto da presidente. "A instrução continua de pé."
O plano do governo é de aceitar, no máximo, manifestações pessoais discretas, como a que foi feita pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Na semana passada, ele afirmou que "a dor que sentia" o impedia de comentar a possível condenação de seus colegas de partido.
Se pelo menos mais três ministros considerarem Dirceu culpado, o Supremo confirmará o que o Ministério Público apontava e ele sempre negou: o mensalão foi gerenciado pelo então ministro entre "as quatro paredes da Casa Civil". As investigações e os votos dos ministros do Supremo mostram que Dirceu atuava nas duas pontas do esquema, negociando empréstimos bancários fraudados para ocultar desvios de recursos públicos e fomentar o caixa do mensalão e, ao mesmo tempo, fechando os acordos políticos com a promessa de saques milionários.
Na esteira da condenação de Dirceu, terão o mesmo destino Genoino e Delúbio, pela ordem presidente e tesoureiro do PT na época. Os três réus serão julgados ainda no último capítulo da denúncia, com outros acusados, por formação de quadrilha - da qual o ex-ministro seria o chefe, segundo o Ministério Público.