Agência de notícias
Publicado em 25 de setembro de 2024 às 07h09.
Última atualização em 25 de setembro de 2024 às 07h11.
O Supremo Tribunal Federal (STF) deve analisar nesta quarta-feira, 25, um recurso do Google para evitar a quebra de sigilo de pessoas que teriam buscado informações sobre a vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018. O julgamento vai definir limites para a quebra do sigilo de histórico de buscas de usuários de plataformas.
O caso está na pauta de hoje de julgamentos do plenário, e tem repercussão geral, o que significa que o seu resultado valerá para processos semelhantes. O recurso discute se o juiz, em investigação criminal, pode decretar a quebra de sigilo de históricos de busca na internet de um conjunto não identificado de pessoas, sem identificar os investigados.
O recurso que chegou ao Supremo foi apresentado contra decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que manteve a quebra de dados de pessoas que fizeram pesquisas sobre Marielle Franco e sua agenda, às vésperas do assassinato dela.
O julgamento continuará com o voto vista do ministro Alexandre de Moraes, que em 2023 paralisou o julgamento que havia sido iniciado no plenário virtual. Antes da interrupção, apenas a relatora, ministra Rosa Weber, hoje aposentada, havia votado.
Em seu voto, Rosa Weber afirmou que não existe dispositivo legal que legitime o emprego de uma medida tão ampla como a que determinou o fornecimento de significativos dados pessoais de incontáveis usuários que realizaram pesquisas de termos específicos em provedores de internet.
"Acresço, como mero reforço, presente, ainda, a desproporcionalidade da medida adotada, o que pode ser verifica da própria delimitação temporal estabelecida. Os delitos objeto de investigação foram cometidos, segunda a própria decisão do Juízo de primeiro grau, por volta das 21h do dia 14 de março de 2018. O pedido da autoridade policial, acolhido pelo Juízo competente, foi de encaminhamento dos endereços de IP e dos Devices ID’s de todos que pesquisaram, no Google Search, o nome da Vereadora Marielle Franco, inclusive, ainda que por curto lapso, após o seu homicídio", disse.
Para a ministra, as pesquisas seriam naturais, dada a repercussão da morte da vereadora e de seu motorista.
“Ou seja, um número gigantesco de usuários não envolvidos em quaisquer atividades ilícitas, nos termos da decisão objurgada, teria seus sigilos afastados, a demonstrar indevida devassa e a sua absoluta desproporcionalidade em razão do excesso da medida", argumentou.
Em maio de 2023, em manifestação encaminhada ao Supremo, o Ministério Público fluminense afirmou que o Google cria "dificuldades" e atua para "prejudicar" a investigação do assassinato de Marielle e Anderson.
O MP afirma que "as dificuldades impostas pelo Google representam a perda de uma chance de que a investigação pudesse ter um curso célere"
O dado solicitado é o protocolo de internet (IP), uma espécie de digital eletrônica, de quem fez buscas por uma lista de termos, incluindo "Agenda Marielle Franco", "Casa das Pretras" (local onde a vereadora estava antes de ser morta) e "Rua dos Inválidos" (rua onde foi realizado o evento em que ela estava), entre os dias 10 e 14 de março, quando na qual o crime foi cometido.