Brasil

SP vai usar Pfizer em quem está com a 2ª dose de AstraZeneca atrasada

Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo culpa Ministério da Saúde pelo apagão de vacinas que atinge principalmente a capital; pasta nega

A coordenadora do Plano Estadual de Imunização (PEI), Regiane de Paula, disse por meio de nota que o governo remanejou estoques nesta sexta-feira e disponibilizou todas as doses da Pfizer existentes (Governo do Estado de Såo Paulo/Divulgação)

A coordenadora do Plano Estadual de Imunização (PEI), Regiane de Paula, disse por meio de nota que o governo remanejou estoques nesta sexta-feira e disponibilizou todas as doses da Pfizer existentes (Governo do Estado de Såo Paulo/Divulgação)

AO

Agência O Globo

Publicado em 10 de setembro de 2021 às 20h44.

Última atualização em 10 de setembro de 2021 às 20h56.

O Governo de São Paulo anunciou, nesta sexta-feira, que as pessoas que estão com a 2ª dose de AstraZeneca atrasada poderão tomar a vacina da Pfizer a partir da próxima semana. O principal objetivo do Estado é garantir a imunização de quem deveria tomar a segunda dose entre os dias 1º e 15 de setembro. A opção por utilizar a Pfizer neste momento tem como objetivo amenizar a crise até que o Ministério da Saúde envie mais doses, segundo o governo estadual.

A combinação entre ambos os imunizantes aumenta o nível de anticorpos, como mostraram estudos realizados na Coreia do Sul e no Reino Unido. De acordo com o material sul-coreano, divulgado em julho deste ano,  a combinação da primeira dose da vacina contra covid-19 da AstraZeneca e segunda dose da Pfizer aumentou os níveis de anticorpos neutralizantes em seis vezes em comparação com duas doses da AstraZeneca.

Ao todo, o estudo contou com 499 voluntários - todos profissionais de saúde. Cerca de 100 pessoas receberam a combinação das vacinas, 200 receberam as duas doses da Pfizer e 199 foram imunizados com duas injeções da AstraZeneca.

A situação em São Paulo

A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo disse que o "não envio" por parte do Ministério descumpre uma "obrigação do órgão federal em disponibilizar vacinas necessárias à imunização complementar das pessoas que já tomaram a primeira dose da vacina".

"A medida emergencial do Governo de SP visa amenizar os transtornos causados pelo não envio das doses de Astrazeneca por parte do Ministério da Saúde e vale apenas para quem teve a segunda dose vencida nestes 15 dias. A expectativa da saúde estadual é que nos próximos dias o órgão federal possa mandar mais doses ao estado, regularizando a situação", diz a nota.

A coordenadora do Plano Estadual de Imunização (PEI), Regiane de Paula, disse por meio de nota que o governo remanejou estoques nesta sexta-feira e disponibilizou todas as doses da Pfizer existentes.

No final de semana, segundo a Secretaria, o governo de São Paulo deve entregar aos municípios mais 400 mil doses de Pfizer extras que chegaram nos últimos dias ao estado e serão remanejadas para a aplicação da segunda dose.

Mais cedo, em entrevista coletiva, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou que faltam 200 mil doses da AstraZeneca para a segunda dose dos moradores da capital. Na segunda-feira, serão 340 mil em atraso.

— É uma questão que estamos enfrentando, lembrando que não é nenhuma responsabilidade do município, mas sim a falta de fornecimento por parte do governo federal. Na data de hoje é o nosso problema — afirmou Nunes.

Ministério nega atraso

O Ministério da Saúde afirmou que não deve segunda dose da vacina da AstraZeneca ao estado de São Paulo. Em nota, a pasta diz que o estado utilizou como primeira dose vacinas destinadas à dose dois.

Até o momento, segundo o órgão, foram entregues a São Paulo 12,4 milhões de dose 1 e 9,2 milhões de dose 2 da AstraZeneca. A pasta informou ainda que as 2,8 milhões de doses restantes não foram enviadas porque "o prazo de intervalo entre a primeira e segunda dose só se dará no final do mês.

"Dados inseridos por São Paulo no Localiza SUS mostram que o estado utilizou como primeira dose vacinas destinadas à dose dois. O estado aplicou 13,99 milhões de dose 1 e 6,67 milhões de dose 2. As alterações nas recomendações do Programa Nacional de Imunizações (PNI) acarretam na falta de doses para completar o esquema vacinal na população brasileira. Por isso, o Ministério da Saúde alerta, mais uma vez, para que estados, municípios e Distrito Federal sigam o Plano Nacional de Operacionalização (PNO)", diz a note.

Também faltou Pfizer

Mais cedo, a Pfizer também esteve em falta na capital paulista, mas a situação foi se normalizando no final do dia. Segundo o levantamento dO GLOBO, 38 postos estavam sem o imunizante por volta das 19h.

Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) informou que recebeu 255 mil doses da vacina da Pfizer na quinta-feira e outras 128.510 da CoronaVac.

— Estas vacinas estão sendo entregues em todas as regiões da cidade e as unidades estão sendo reabastecidas — diz a pasta.

  • Quer saber tudo sobre o desenvolvimento e eficácia de vacinas contra a covid-19? Assine a EXAME e fique por dentro.
Acompanhe tudo sobre:AstraZenecaCoronavírusPfizersao-pauloVacinas

Mais de Brasil

PF convoca Mauro Cid a prestar novo depoimento na terça-feira

Justiça argentina ordena prisão de 61 brasileiros investigados por atos de 8 de janeiro

Ajuste fiscal não será 'serra elétrica' em gastos, diz Padilha

G20: Argentina quer impedir menção à proposta de taxação aos super-ricos em declaração final