Gripe H1N1: de 17 mortos na capital, 14 eram idosos ou tinham alguma doença crônica, ambos grupos de risco (Karoly Arvai / Reuters)
Da Redação
Publicado em 9 de abril de 2016 às 09h55.
São Paulo - Subiu para 70 o número de mortos por consequência da gripe H1N1 no estado de São Paulo, conforme balanço divulgado ontem pela Secretaria Estadual da Saúde.
O número é sete vezes maior do que o registrado em todo o ano passado, quando dez pessoas morreram. Do total de óbitos de 2016, 17 foram registrados na capital paulista.
Os dados do governo do estado e da Prefeitura mostram ainda que já são 534 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) causados pelo H1N1, 201 deles na cidade de São Paulo. Em 2015, foram 33 registros no estado e 12 na capital.
O surto antecipado da doença levou o governo do estado a antecipar a campanha de vacinação contra a gripe.
A previsão original era de que fosse iniciada no dia 30 deste mês, mas foi adiantada na capital e na Grande São Paulo para a segunda-feira passada para profissionais de saúde e será expandida para idosos, gestantes e crianças de 6 meses a 5 anos a partir da próxima segunda.
A circulação precoce do vírus no estado provocou surto interno em pelo menos mais dois hospitais públicos: o Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e o Instituto da Criança do Hospital das Clínicas.
Conforme revelado pelo estado na quarta-feira, o Instituto do Câncer do estado de São Paulo também relatou surto interno, com 171 casos suspeitos.
A ocorrência de dois casos da doença por transmissão interna em um período de sete dias já configura um surto, segundo a vigilância municipal. De acordo com a Prefeitura, nos dois casos, o problema já foi controlado.
A Secretaria Estadual da Saúde, responsável pelo Dante Pazzanese, negou a ocorrência. Já o Hospital das Clínicas admitiu que houve casos da gripe H1N1 no Instituto da Criança, mas informou que a situação está controlada.
Apesar do crescimento de casos na cidade, o secretário municipal da Saúde, Alexandre Padilha, disse ontem que não há razão para que a população tema nova pandemia da doença, como a de 2009.
"Não há 'reemergência' do vírus nem mutação. Estamos tendo uma antecipação da circulação dos vírus gripais, mas não há indícios de que repetiremos o cenário de 2009. Naquela ocasião, não tínhamos a vacina adequada nem tínhamos clara a função do oseltamivir (Tamiflu) na redução das complicações", disse.
Segundo o secretário, do total de mortos na capital, 14 eram idosos ou tinham alguma doença crônica, ambos grupos de risco para desenvolver quadros mais graves da doença. Os outros três óbitos ainda estão em investigação.
Com o surto na cidade, a quantidade de cápsulas de oseltamivir distribuídas na rede municipal triplicou na última semana, segundo a secretaria, passando de 30 mil na última semana de março para 109 mil na primeira semana de abril.
Padilha afirmou que, para reforçar a estrutura das unidades de saúde durante o período de surto, as Organizações Sociais da Saúde (OSSs), unidades conveniadas à Prefeitura que administram serviços municipais, foram autorizadas a contratar médicos de forma emergencial na modalidade de pessoa jurídica.
A secretaria municipal disse ainda que montará bancos de reservas de médicos que possam ser deslocados para unidades com maior demanda.
Segundo o secretário, a estrutura das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) também será reforçada na próxima segunda-feira, por causa do início da campanha de imunização.
"Poderemos usar mais de uma sala só para isso e desmarcar vacinações agendadas contra outras doenças", disse Padilha. As informações são do jornal O estado de S. Paulo.