São Paulo: frente fria foi a responsável por derrubar as temperaturas não só em São Paulo, mas em todo o país (Cris Faga/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 24 de agosto de 2020 às 10h52.
Última atualização em 24 de agosto de 2020 às 20h07.
Os termômetros despencaram no fim da última semana, por causa de uma intensa massa de ar frio de origem polar. A capital paulista registrou novos recordes e a temperatura mínima do sábado, inclusive, foi a menor do ano até agora, 8,2 ºC.
As noites e madrugadas vão continuar geladas nos próximos dias. Segundo a Climatempo, não dá para descartar a possibilidade de novos recordes ainda entre segunda e terça-feira, com mínimas previstas de 8°C e 7°C, respectivamente.
Com a presença do sol, as temperaturas durante as tardes ficam mais elevadas, e, até o fim da semana, a sensação já volta a ser de calor nas áreas do leste do Estado, e também nas cidades de Sorocaba, Itapetininga, Botucatu, Campinas e na capital paulista.
Muita chuva caiu sobre áreas de São Paulo com a passagem da forte frente fria. No último fim de semana, os volumes foram elevados e o céu permaneceu nublado. Agora, a tendência já é de uma semana mais seca e com tempo firme, informou a Climatempo.
O sol vai aparecer mais forte também nas praias, e as temperaturas vão subir. Pelo interior, a umidade relativa do ar vai entrar em declínio, principalmente durante as tardes, e índices críticos devem ser registrados ao longo da semana.
A frente fria foi a responsável por derrubar as temperaturas não só em São Paulo, mas em todo o País. O fenômeno já está a caminho do Oceano Atlântico, mas agora é preciso ficar de olho na forte chuva que vem por aí.
De acordo com a Climatempo, "ventos devem soprar com moderada a forte intensidade na costa do Espírito Santo e no Norte Fluminense, causados pela atuação de um ciclone subtropical que se forma em alto mar na altura da costa capixaba."
No Rio, que também registrou baixas temperaturas no fim de semana, começa a esquentar no fim da semana, quando as temperaturas máximas voltam a superar os 27 ºC.
A massa de ar frio que derrubou as temperaturas até em Estados como Acre, promete dar trégua. Cuiabá, capital do Mato Grosso, por exemplo, chega a 41 ºC a partir de terça-feira.
Comumente, uma massa polar de ar frio atinge toda a Região Sul do país e se move do oeste para o leste. Graças a uma densidade maior do ar, ela se move mais rapidamente do que uma massa de ar tropical, que é quente. A diferença é que em 2020 essa incursão será ainda mais forte do que nos anos anteriores, embora não seja exatamente a mais forte que já vimos.
Enquanto o MetSul Meteorologia definiu o evento como histórico, o Instituto Nacional de Meteorologia comentou que não é bem exatamente assim — e, apesar do intenso frio, as temperaturas não serão as mais baixas que o Brasil já viveu.
Para Ricardo de Camargo, doutor em meteorologia pela Universidade de São Paulo, a temperatura deve cair cerca de 10 graus nos estados mais afetados e ser de “alta intensidade”. “O resfriamento pode ser ainda maior nas localidades em que o radiativo for mais intenso. Condições de céu claro e calmaria durante a noite são ideais para isso ocorrer”, diz.
A resposta (como todas em relação ao vírus) é um pouco complicada e é algo entre o sim e o não.
Um estudo feito pela King’s College de Londres em junho deste ano, por exemplo, aponta que países que começaram a enfrentar a pandemia durante o verão (com temperaturas e taxas de umidade mais altas) se saíram melhor do que aqueles que estavam passando pelo inverno.
A estação mais fria do ano, segundo a universidade pública britânica, também pode piorar os sintomas da covid-19. A pesquisa, que não passou pela revisão de pares, foi feita com base na análise dos dados de quase 7 mil pacientes em hospitais da Croácia, Espanha, Itália, Finlândia, Polônia, Alemanha, Reino Unido e China.
O que foi observado à época é que houve uma queda de 15% na taxa de mortalidade da doença a cada aumento de um grau Celsius na temperatura. Para os pesquisadores também é preciso evitar o uso de aquecedores internos durante os meses do inverno porque eles podem “secar as barreiras protetoras das mucosas no nariz e nas vias aéreas”, o que pode facilitar a infecção.