Cidade de São Paulo, dia 20 de março: a maior metrópole do país começa a desacelerar para conter a propagação do novo coronavírus | Germano Lüders / (Germano Lüders/Exame)
Estadão Conteúdo
Publicado em 1 de maio de 2020 às 09h40.
Última atualização em 1 de maio de 2020 às 09h41.
A Prefeitura de São Paulo deve não apenas prorrogar o período de fechamento do comércio não essencial da cidade como ainda bloquear a circulação de carros nos próximos dias, caso a pressão por vagas em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTIs) em função da covid-19 continue nos níveis atuais e o porcentual de adesão ao isolamento social se mantenha abaixo dos 50%.
As informações foram dadas pelo secretário municipal de Saúde da capital, Edson Aparecido, à TV Globo e confirmadas ao jornal O Estado de S. Paulo pela Prefeitura. Os detalhes devem ser anunciados na semana que vem.
"Já há uma decisão tomada. Não temos como relaxar as medidas de isolamento a partir do dia 10 de maio. Na capital, é absolutamente impossível fazermos isso", disse Aparecido. "Ao contrário, estamos iniciando as discussões na Prefeitura para fortalecer algumas dessas medidas para que a gente consiga fazer com o que o isolamento na cidade possa crescer (acima) desse patamar de 48%."
As autoridades vêm afirmando que a taxa de isolamento deveria ser de, no mínimo, 60%. Além das restrições, Estado e Prefeitura já determinaram a obrigatoriedade do uso de máscaras no transporte público e em táxis e carros de aplicativo.
Os bloqueios educativos que a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) tem feito nos corredores viários deverão se tornar bloqueios de vias, diz Aparecido. O que vem sendo feito até aqui são testes de como adotar essas medidas, inéditas. Já houve bloqueios educativos em vias importantes como a Inajar de Sousa, na zona norte.
"Na semana que vem, as medidas apresentadas pelo prefeito Bruno Covas (PSDB) (deverão ser) de endurecimento e bloqueios nas principais vias."O bloqueio não deverá ser total, mas suficiente para criar congestionamentos de forma a desestimular a circulação de veículos. Os alvos das ações serão vias das periferias, onde o crescimento de casos é maior. "A última região a registrar caso confirmado de coronavírus foi a zona leste. Hoje, é a região com mais número de mortes."
Aparecido afirmou que, no início da quarentena, quando a taxa de isolamento estava acima dos 50%, havia uma média de 812 notificações de casos suspeitos por dia. Agora, com o isolamento menor, essa média supera as 3.400 notificações diárias. "Você tem ainda 6 milhões de pessoas circulando quase que normalmente pela cidade", afirmou. "É um perigo gigantesco. Você não consegue preparar o sistema público de saúde, nem o privado, para poder absorver a quantidade de pessoas que vão precisar de UTI."
Pressão
O secretário afirmou que o reflexo da atual baixa adesão aos pedidos de distanciamento ainda só terá desdobramentos dentro de dez a 15 dias. Assim, a taxa de ocupação dos leitos de UTI deve subir ainda mais. "A pressão virá mais forte ainda. Por isso (é importante) que a população acompanhe o noticiário, veja o que está acontecendo em outras regiões do País em que o sistema de saúde já não dá conta de atender."
Na Grande São Paulo, a taxa de ocupação dos leitos de UTI está em 89%, de acordo com a Secretaria Estadual da Saúde. A quarentena determinada pela gestão João Doria começou em 24 de março e vai até o dia 10. Municípios serão avaliados e classificados em uma escala de cores, para determinar como será feita a reabertura gradual. O Estado de São Paulo registrou até ontem 2.375 mortes pelo novo coronavírus, sendo 1.522 mortes na capital.