Cracolândia: a área, marcada por intenso tráfico e consumo de drogas, será o foco da ação planejada pelo governo (Cátia Toffoletto/Flickr)
Da Redação
Publicado em 3 de janeiro de 2013 às 15h20.
São Paulo - O governo de São Paulo passará a fazer internações involuntárias de dependentes de crack no Estado, ou seja, sem a necessidade do consentimento do usuário da droga. A ação deve começar daqui a dez dias, com foco na região da cracolândia do centro da capital paulista. Um grupo de juízes, promotores e advogados poderá determinar a internação dos dependentes, a partir da orientação de uma equipe médica, mesmo que os usuários recusem o tratamento.
Segundo o governador Geraldo Alckmin (PSDB), o objetivo da medida é proporcionar o tratamento dos casos mais graves de dependência química. Os usuários de crack serão levados por parentes ou agentes de saúde e assistência social do governo para o Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod), que fica na região da cracolândia do centro de São Paulo.
"É um trabalho de internação involuntária, para casos mais graves, que comprometem a vida e a saúde das pessoas. Já vai ter no Cratod o juiz, o promotor e o advogado. Então acho que estamos avançando (no combate ao crack)", disse Alckmin, na manhã desta quinta-feira, após a inauguração do Bom Prato da região de Perus, no noroeste da capital paulista.
A ação será detalhada na próxima semana pela Secretaria de Justiça, pela Secretaria de Desenvolvimento Social e pela Secretaria de Saúde do Estado. A Justiça paulista, o Ministério Público do Estado e a comissão antidrogas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) participarão do programa. O governo estuda se a internação involuntária valerá somente para adultos ou também para menores de idade.
Alckmin fez nesta quinta-feira um balanço da operação de combate ao consumo de crack na cracolândia do centro de São Paulo, que completa um ano. O governador disse que as ações do governo e da Prefeitura da capital internaram mais de mil pessoas e prenderam traficantes de drogas que atuavam na região.
"A gente tem consciência do problema. Não vai resolver rápido. É uma tarefa permanente, mas já diminuiu muito. É uma tarefa permanente, que vamos continuar", afirmou. "Infelizmente, nós temos hoje dependentes químicos no Brasil inteiro, nas capitais, nas grandes cidades e até nas cidades médias. Não podemos nos omitir. Sempre dissemos que não vamos desistir."