EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 16 de novembro de 2012 às 11h56.
São Paulo – As semelhanças entre os casos de São Paulo e Santa Catarina, ambos tomados por uma onda de violência, vão além das imagens de ônibus queimados e das ordens dos ataques partindo de presídios. Os dois estados estavam entre as unidades da federação com os índices mais baixos de crimes violentos do país quando levado em conta o tamanho de suas populações. Agora, é possível que isso mude.
Veja como se posicionaram os estados no ano passado em dois crimes sempre muito temidos pela população, de acordo com o Anuário de Segurança Pública:
Homícidios dolosos em 2011 | Taxa de por 100 mil hab. | Latrocínios (roubo seguido de morte) | Taxa por 100 mil hab. | |
---|---|---|---|---|
Santa Catarina | 755 | 11,7 (3ª menor do Brasil no ano) | 39 | 0,6 (2ª menor do Brasil no ano) |
São Paulo | 4.194 | 10,1 (2ª menor do Brasil no ano) | 316 | 0,8 (7ª menor do Brasil no ano) |
No caso de Santa Catarina, as mortes resultantes da nova onda de violência não passam de três até agora, mas o cenário desfavorável para as estatísticas criminais de São Paulo em 2012 já está traçado.
São Paulo
Após mais de uma década caindo, o índice de homicídios dolosos (quando há intenção de matar) neste ano em São Paulo deve aumentar. A questão ainda é exatamente o quanto. Até setembro, foram 3.536 mortes, 311 a mais que no mesmo período de 2011.
Mas como a escalada da violência ocorreu de fato depois dos últimos números oficiais, com execuções atrás de execuções, as estatísticas até o o final do ano devem registrar razoável crescimento. Em apenas um final de semana de novembro, foram mais de 30 mortos.
Assim, é possível que São Paulo não mantenha a segunda colocação nas taxas mais baixas de homicídios do país. Hoje perde apenas para o Amapá. Dado o tamanho da população, no entanto, dificilmente o índice poderia ser afetado a ponto de colocar o estado entre os mais violentos do Brasil.
Hoje, o índice de homicídios em Alagoas é de 74,5 a cada 100 mil habitantes, por exemplo, sete vezes o paulista.
O fato de em São Paulo haver tanta gente quanto na Argentina foi lembrado pelo governador Geraldo Alckmin nesta quinta-feira para relativizar o peso dos ataques.
EXAME.com preparou infográfico que mostra que vários indicadores de violência de 2012 já ultrapassaram as ocorrências de todo o ano de 2011, mesmo que ainda estejamos em novembro.
Santa Catarina
A onda de violência que tem aterrorizado o estado desde segunda-feira ainda não teve reflexos pesados no número de mortos, mas a situação começa a piorar, apesar da reação do governo estadual.
Três suspeitos de participar de ataques, que já atingem 13 cidades catarinenes, morreram em confrontos com a polícia entre ontem e hoje.
Os últimos números da Secretaria de Segurança Pública mostram que Santa Catarina poderia reprisar os bons números estatísticos de 2011. Mas vai depender da agilidade em reverter a violência, que se agravou nos últimos dias.
Até agosto, haviam sido 477 assassinatos, número que poderia significar fechar o ano com os mesmos, ou menos, 755 assassinatos de 2011.
Ordens
Tanto em São Paulo como Santa Catarina, há indícios, no caso do segundo, e certeza, no caso do primeiro, que os ataques são ordenados de presídios e por facções criminosas, sendo a de SP o PCC.
Assim como fez o secretário de Segurança Pública paulista – que posteriormente aceitou uma parceria - o chefe da pasta em Santa Catarina nega que precise de ajuda do governo federal.