Pesquisa é da Confederação Nacional de Municípios, a CMN (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 5 de janeiro de 2012 às 10h40.
São Paulo – Uma pesquisa divulgada esta semana pela Confederação Nacional de Municípios (CMN) aponta que o consumo do crack está substituindo o de álcool em algumas cidades do país. Devido à facilidade de acesso ao crack e ao seu baixo custo, algumas pessoas estão deixando de beber e usando cada vez mais a droga ilícita.
Essa constatação ratifica um quadro que já havia sido descrito em uma pesquisa feita pela Frente Parlamentar de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). O levantamento, divulgado há dois meses, indica que o crack já é a segunda droga mais presente no estado, ficando atrás somente do álcool.
Para a pesquisa da Alesp, questionários foram enviados a 325 municípios paulistas, pouco mais da metade dos 645 existentes. Em 31% das respostas, foi apontado que o crack está entre as drogas mais presentes nas cidades. O álcool esteve em 49% das respostas.
A pesquisa mostra ainda que a droga está mais presente em pequenas cidades e no interior do que nas metrópoles paulistas e na capital. Nas cidades com população entre 50 mil e 100 mil habitantes, por exemplo, o crack e o álcool são citados, os dois, em 38% das respostas sobre a droga mais usada. Nas cidades com mais de 100 mil habitantes, o álcool tem 51% e o crack, 34%.
Nas cidades da região de Barretos (a 440 quilômetros da capital), o crack já aparece como a droga mais presente. Na região, 33,3% das respostas citam a droga como uma das mais encontradas, enquanto 25% das cidades apontam o álcool. Já na região da capital, o crack aparece em 17% das respostas e o álcool, em 61%.
Para o presidente da Frente Parlamentar de Enfrentamento ao Crack, o deputado estadual Donisete Braga (PT), os dados da pesquisa demonstram que o crack é hoje um problema de todas as cidades do país. Segundo ele, a droga já está disseminada em todo o Brasil e o seu uso é menor quando há investimentos para isso.
“Estão faltando leitos em hospitais, centros especializados para atendimento dos usuários e apoio do governo estadual e federal”, destacou ele ao falar sobre sobre as dificuldades para solução do problema. “Onde mais falta, mais o consumo de crack cresce.”
De acordo com a pesquisa da Alesp, os investimento chegam menos às pequenas cidades. Dos municípios que têm entre 50 mil e 100 mil habitantes, 7% recebem recursos do governo de São Paulo e 7% recebem recursos do governo federal para ações de combate às drogas. Entre as cidades com mais de 100 mil habitantes, 10% recebem recursos do estado e 35%, da União.
O presidente do Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas de São Paulo (Coned-SP), Mauro Aranha de Lima, diz que as disparidades nos investimentos no combate à droga já foram percebidas. Segundo ele, o conselho está trabalhando para que os recursos sejam mais bem distribuídos no estado. “O governo federal também tem que participar mais”, complementou ele.
A Secretaria do Estado de São Paulo informou em nota que gasta R$ 33 milhões por ano para atendimento a dependentes químicos no estado. Não informou, porém, a distribuição dos recursos.
Já o governo federal informou que o Plano Nacional de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas conta com recursos da ordem de R$ 410 milhões. Do total, R$ 90 milhões foram destinados a ações de saúde executadas pelas secretarias municipais e estaduais. Informações sobre a distribuição dos recursos também não foram repassadas.