Entrada da Boate Kiss após o incêndio: mesmo quem ainda não apresentou sintomas pode desenvolver pneumonia (REUTERS/Edison Vara)
Da Redação
Publicado em 29 de janeiro de 2013 às 18h25.
São Paulo - O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS), que deixou 231 jovens mortos por asfixiamento e dezenas de feridos pode ter ainda mais vítimas.
Segundo declaração do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, os sobreviventes podem apresentar sintomas tardios da exposição à fumaça. Mesmo as pessoas que não apresentavam sintomas ontem e sequer procuraram atendimento médico podem começar a sentir tosse e falta de ar dias mais tarde e desenvolver pneumonia química grave devido à inalação de substâncias tóxicas.
O incêndio começou depois que um dos membros da banda acendeu um sinalizador e uma das faíscas teria atingido o forro acústico da balada. Feito de uma substância extremamente inflamável, o forro queimou rapidamente liberando uma fumaça tóxica que ainda pode afetar aqueles que a inalaram.
Segundo Padilha, ainda restam 79 pessoas hospitalizadas em terapia intensiva que podem ser transferidos para hospitais de Porto Alegre em caso de agravamento do quadro. As cidades vizinhas e países vizinhos como Argentina, Uruguai e Peru também foram mobilizadas e estão preparadas para receber os sobreviventes, afirma o ministro.
A tragédia
O incêndio começou na madrugada de sábado para domingo, por volta das 2h30, durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira na Boate Kiss, em Santa Maria (RS).
Segundo relatos, o fogo teria sido causado por um sinalizador, conhecido como “Sputnik”, usado pela banda, que usava efeitos pirotécnicos em seus shows. A faísca teria atingido o teto, cujo material acústico é altamente inflamável, e se espalhado pela casa em poucos minutos.
A banda nega que o sinalizador seja a causa do incêndio e defende que houve um curto-circuito nos fios do teto. Tanto o sinalizador quanto a rede elétrica da casa noturna estão sendo avaliados pela perícia.
Foram confirmadas mais de 230 mortes, além de dezenas de feridos. A maioria das mortes foi por asfixiamento da fumaça tóxica e os sobreviventes ainda correm riscos de desenvolver quadro de pneumonia química.
A tragédia foi potencializada pela estrutura da boate: com espaço para mais de mil pessoas, ela possuía apenas uma saída mal sinalizada. Muitos jovens foram para os banheiros em busca de janelas que estavam lacradas pela decoração da fachada e acabaram morrendo. Outros erraram o caminho para as saídas ou não conseguiram sair a tempo – muitos foram pisoteados em meio ao pânico.