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Sob a sombra de Bebianno, governo apresentará pacote de Moro e Previdência

Bebianno — que comandou o PSL de Bolsonaro durante a campanha presidencial — é o principal personagem de uma crise que se arrasta por uma semana

Nesta semana, governo apresenta ao Congresso as duas principais propostas de início de gestão (Adriano Machado/Reuters)

Nesta semana, governo apresenta ao Congresso as duas principais propostas de início de gestão (Adriano Machado/Reuters)

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Reuters

Publicado em 18 de fevereiro de 2019 às 13h50.

Brasília - Na mesma semana em que apresenta ao Congresso as duas principais propostas de início de gestão — o pacote anticrime do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, e a reforma da Previdência — o governo do presidente Jair Bolsonaro busca um desfecho que não dê proporções maiores à crise com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno.

A expectativa inicial era que o Diário Oficial desta segunda-feira trouxesse a exoneração de Bebianno, mas até o momento não houve uma publicação oficial.

"Já foi decidido. O Bebianno vai ser demitido, foi isso que foi dialogado", disse o líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO), à Reuters. "Ele quebrou a confiança do presidente, acabou", afirmou.

O governo apresenta o pacote anticrime na terça-feira, cumprindo uma de suas principais bandeiras na campanha, e no dia seguinte deve tornar pública a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma da Previdência.

No esforço para garantir uma boa aceitação da reforma, o governo já iria promover uma série de encontros com bancadas parlamentares. Agora, trabalha para evitar que a crise envolvendo Bebianno contamine a negociação da medida.

Para a equipe econômica, contudo, a indefinição quanto à situação de Bebianno não altera as perspectivas para a apresentação da reforma aos parlamentares e à sociedade, que deve ser divulgada à imprensa logo no início da manhã de quarta-feira.

"Estamos tranquilos", disse uma fonte da equipe econômica sob a condição de anonimato, acrescentando que a confiança é baseada "no projeto, no momento, na necessidade e na convergência".

Na mesma linha, Waldir descarta que o caso tenha repercussões negativas nas conversas no Congresso sobre as novas regras de aposentadoria.

"O que acontece lá Executivo nós não queremos saber, não. Nem na nossa Casa nós damos conta de resolver os 'trem' (sic), nós vamos resolver caso do Executivo?", ponderou.

"Isso (caso do Bebianno) já está resolvido, temos uma pauta importante pela frente. Cada um no seu quadrado."

Twitter

Bebianno — que comandou o PSL de Bolsonaro durante a campanha presidencial — é o principal personagem de uma crise que se arrasta por uma semana, após ter sido chamado de mentiroso pelo filho do presidente, o vereador fluminense Carlos Bolsonaro (PSC), no Twitter quando disse que havia conversado com o presidente.

Carlos expôs um áudio de Bolsonaro em que o presidente negava ter falado com o ministro. O próprio Bolsonaro endossou a publicação do filho na rede social e posteriormente em uma entrevista de televisão.

No foco, estão denúncias de que, sob a presidência nacional do PSL de Bebianno, candidaturas em Estados teriam cometido irregularidades.

Em entrevistas e nota oficial, o ministro negou irregularidade e disse que cabe aos diretórios estaduais responderem por essas supostas acusações.

Parlamentares, ministros e até militares atuaram numa operação para apagar o incêndio e tentar mantê-lo no cargo, mas o acerto desandou após uma conversa entre Bebianno e Bolsonaro.

O líder do PSL na Câmara minimizou o atrito entre Carlos, o presidente e Bebianno, e o classificou como um "debate mais acalorado", algo "comum da democracia".

"Todo partido tem isso."

União

Governo e aliados ainda têm a tarefa de consolidar uma base de apoio no Congresso para a provação de sua agenda prioritária, tendo como carro chefe a reforma da Previdência.

Por isso mesmo, o presidente se envolverá mais diretamente nas conversas com parlamentares e fará um pronunciamento na quarta-feira sobre o tema.

Por se tratar de uma PEC, a proposta precisa dos votos de pelo menos 308 dos 513 deputados em dois turnos de votação. Depois será necessário o apoio de 49 dos 81 senadores, também em duas rodadas de votação.

Ainda não há uma estimativa precisa do tamanho da base de Bolsonaro, eleito com uma coligação formal apenas entre o PSL e o PRTB. Outro partidos, como o PR, já manifestaram apoio ao governo, que conta com uma expressiva participação do DEM, ocupando inclusive postos chave da administração.

Nas contas da liderança do governo, todos partidos que não sejam claramente de oposição teriam potencial para formarem a base governista, o que daria cerca de 370 deputados.

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