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Só um em cada cinco meninos tomou duas doses da vacina contra o HPV

Há quase três anos a vacina de HPV passou a ser oferecida na rede pública para meninos entre 11 e 14 anos

HPV: a vacina começou a ser ofertada pelo SUS para meninos em 2017 (Leonardo Benassatto/Reuters)

HPV: a vacina começou a ser ofertada pelo SUS para meninos em 2017 (Leonardo Benassatto/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 29 de outubro de 2019 às 09h42.

Última atualização em 29 de outubro de 2019 às 09h45.

São Paulo — Dados do Ministério da Saúde obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo mostram que somente 21% dos adolescentes de 11 a 14 anos que já deveriam estar protegidos contra o vírus HPV tomaram, de fato, as duas doses da vacina necessárias para garantir a imunização. Há quase três anos a vacina passou a ser oferecida na rede pública gratuitamente para meninos.

O HPV é mais conhecido por provocar o câncer de colo de útero, mas também pode causar outros tipos de tumores, como os de pênis, ânus, garganta, vulva e vagina. Em 2014, a vacina começou a ser ofertada para meninas no Sistema Único de Saúde (SUS) e teve a indicação ampliada para meninos no início de 2017.

A cobertura da vacina contra o HPV entre meninos é ainda menor do que a observada em meninas, também considerada baixa. Entre o público feminino, o porcentual de adolescentes que tomaram as duas doses do imunizante desde que a vacina foi incorporada na rede pública é de 42%. A meta do Ministério da Saúde para ambos os casos é que a cobertura chegue a 80% do público-alvo.

Segundo relatos de especialistas e de pais de adolescentes nessa faixa etária, o desconhecimento sobre a oferta dessa vacina no SUS é a principal razão para a adesão tão baixa ao imunizante. "A vacinação de adolescentes, em geral, é um desafio porque os pais geralmente associam a necessidade somente à infância, não sabem que há vacinas que devem ser dadas na adolescência. Especificamente no caso da usada contra o HPV para meninos, há uma dificuldade ainda maior porque a maioria das pessoas associa o vírus apenas ao câncer de colo de útero", explica Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). Somam-se a esses fatores uma divulgação insuficiente da oferta dessa vacina para meninos e a ausência de campanhas dentro das escolas.

Exemplos

Mesmo já tendo vacinado a filha mais velha contra o HPV na rede pública e sabendo da importância da vacina, a fisioterapeuta Flavia Rosendo Angi, de 46 anos, não imunizou o filho Henrique, de 11 anos, por desconhecer que o SUS havia passado a oferecer o produto também para os adolescentes do sexo masculino. "Nem a escola nem o pediatra comentaram sobre a necessidade da vacinação e sobre estar disponível no SUS. Acho que faltam campanhas mais amplas, na internet, nos meios que os adolescentes mais utilizam, como o YouTube. Se eles entenderem a importância, serão os primeiros a comentar com os pais", diz Flavia, que, ao saber pela reportagem sobre a oferta da vacina, pretende vacinar o filho.

A farmacêutica Fabiana Areias, de 40 anos, é uma das poucas que já vacinou o filho, Pedro, de 12, contra o HPV, mas conta que só descobriu que a vacina estava disponível no SUS por acaso, ao levar o adolescente ao posto de saúde por outra razão. "Dei a vacina agora em junho quando fui ao posto vaciná-lo contra a febre amarela. Lá o profissional de saúde me disse que ele estava na idade da vacina contra o HPV também. Como eu já planejava dar essa vacina de qualquer forma, mesmo se fosse na rede particular, aproveitei a ocasião", conta ela.

Escolas

Para Kfouri, o ideal é que as vacinas recomendadas para adolescentes sejam dadas em campanhas nas escolas, por meio de parcerias entre os Ministérios da Saúde e Educação, Estados e municípios. "Os países em que a vacinação nessa faixa etária deu certo foram os que instituíram a vacina na rede escolar. A primeira campanha de HPV para meninas no Brasil foi feita assim e teve altíssima adesão."

Questionado sobre as estratégias para aumentar a cobertura vacinal entre meninos, o Ministério da Saúde admitiu que a vacinação nas escolas "é bastante positiva", mas tal decisão deve ser "de cunho estadual e municipal". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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