Henrique Meirelles: "Acho que o importante hoje é definirmos o que precisa ser feito no Brasil", disse o ex-presidente do BC (Daniela Toviansky/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 11 de novembro de 2015 às 17h27.
Brasília - O ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles disse nesta quarta-feira, 11, sobre a possibilidade de ocupar um cargo no governo, que não fala sobre hipóteses.
O nome do economista, segundo rumores que circulam no mercado financeiro desde a terça-feira, 10, estaria sendo defendido pelo ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva para substituir Joaquim Levy no Ministério da Fazenda.
Durante painel no Encontro Nacional da Indústria, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), Meirelles foi questionado sobre se aceitaria ocupar um posto na área econômica do governo, já que "passa a ser a esperança" da população.
"Questão de se eu aceitaria ou não aceitaria, tenho uma postura há muito tempo que eu não trabalho, não penso nem falo sobre hipótese. Só trabalho com situação concreta. Acho que o importante hoje é definirmos o que precisa ser feito no Brasil", respondeu.
Problema ético
Meirelles avaliou também que o Brasil vive sério problema ético. Para ele, é evidente que problemas precisam ser enfrentados, mas defendeu que a sociedade não entre em processo de resignação.
"Estamos enfrentando um problema ético muito sério", disse o ex-presidente do BC.
"Temos problemas que precisam ser enfrentados, que nas eleições se elejam pessoas e políticos que não tenham enfrentado esses problemas", completou.
Sem se referir diretamente a casos de corrupção, ele afirmou que é negativo que haja situações desse tipo, mas que é positivo que elas venham a público.
Meirelles ressaltou que os problemas não são generalizados. "Aqui tem uma série de empresas que são de primeira linha e que têm que cobrar solução", disse.
Tributação elevada
O ex-presidente do Banco Central afirmou nesta quarta-feira que o Brasil já tem um nível de tributação muito elevado. "Precisamos levar em conta essa questão (alta tributação)", disse, para um plateia repleta de empresários durante o encontro promovido pela CNI.
Em um discurso parecido com o de Levy, Meirelles reafirmou a necessidade de avaliar as despesas públicas.
"Num prazo mais longo, vamos ter que enfrentar essa questão de frente", disse também ao atual dirigente da Fazenda, que estava na plateia.
Na avaliação do ex-presidente do BC, o custo de transporte, a quantidade de burocracia e a necessidade de educação de qualidade são alguns dos problemas que o Brasil precisa enfrentar.
"Temos que olhar um pouco além das dificuldades de curto prazo", ressaltou.
Citou também o alto custo da energia no Brasil. "É importante ter consciência de que custo da energia é um dos fatores que dificultam a maior taxa de crescimento no longo prazo", afirmou.
Ao concluir sua fala durante o evento, Meirelles disse: "Acho que sim, eu continuo, e muito, acreditando no Brasil."
Privatizações
O ex-presidente do BC defendeu o modelo de privatizações feito no passado. "A solução está clara, privatizou, colocou a concorrência para funcionar e funcionou", disse o economista.
No evento com empresários, Meirelles citou a telefonia celular como um dos exemplos das privatizações que o governo realizou. "Eu reclamo muito do serviço de celular, mas eu reclamava do serviço de telefonia fixa. Hoje, pelo menos, tenho um telefone celular", afirmou.
Na avaliação de Meirelles, é importante olhar as medidas de longo prazo.
"O longo prazo demora, mas chega. Se ficarmos só batendo a cabeça na parede, não vamos resolver esses problemas", frisou. Para ele, é preciso cobrar também do Congresso Nacional.