Na sede da Polícia Federal, em São Paulo, José Dirceu faz gesto de protesto ao se entregar depois de ser condenado no caso do Mensalão (Reuters)
Da Redação
Publicado em 14 de fevereiro de 2014 às 20h38.
São Paulo - Três dias após ser criado, o site para arrecadar fundos para o pagamento da multa de R$ 971 mil do ex-ministro José Dirceu no processo do mensalão já atingiu a marca de R$ 225 mil. A quantia é mais que o dobro do que havia sido arrecadado até quinta-feira, 13, quando foi divulgado o valor de R$ 96 mil.
Ao todo, segundo o Núcleo Jurídico do PT, já foram registradas contribuições de mais de 500 pessoas, incluindo o jornalista Fernando Morais, que doou R$ 200, e o jurista e professor de Direito da PUC-SP, Celso Antônio Bandeira de Mello que contribuiu com R$ 2 mil.
"As pessoas se perguntam por que as campanhas conseguiram arrecadar tanto dinheiro em tão pouco tempo a resposta é porque existe muita gente indignada com o resultado desse julgamento", provoca o professor que doou o mesmo valor para as campanhas do ex-presidente do PT, José Genoino e do ex-tesoureiro da sigla, Delúbio Soares.
Em novembro, Mello chegou a afirmar ao jornal O Estado de S. Paulo que caberia o impeachment do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, por ele ter determinado a prisão de José Genoino na Papuda, em Brasília enquanto a defesa alegava que o petista estava com estado de saúde frágil.
Já Fernando Morais, que é amigo pessoal de Dirceu e está escrevendo uma biografia sobre o petista afirmou que doou "por que acho que a condenação é injusta, portanto, qualquer pessoa que compartilhe dessa opinião também deveria doar."
Polêmica
Nesta sexta-feira, 14, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes encaminhou uma carta para o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) na qual afirma que a campanha de doações "sabota e ridiculariza o cumprimento da pena". O ministro chega ainda a provocar os petistas ao sugerir que Delúbio Soares "possa emprestar tal expertise à recuperação de pelo menos parte dos R$ 100 milhões subtraídos dos cofres públicos".
Esta é a segunda manifestação do ministro sobre as doações. No dia 4 de fevereiro, Gilmar Mendes sugeriu haver indícios de lavagem de dinheiro nas arrecadações. A declaração motivou o PT a interpelar judicialmente o ministro na quinta-feira, 13. No pedido de interpelação cível encaminhado pelo presidente nacional da sigla, Rui Falcão, ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal, o PT pede esclarecimentos sobre as manifestações de Mendes, "que atacaram a honra da direção do partido, de seus filiados e simpatizantes".