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Sínodo sobre Amazônia, que preocupa Bolsonaro, será realizado em outubro

Tema do encontro no Vaticano será: "Amazônia: novos caminhos para a Igreja e uma ecologia abrangente", acrescentou o comunicado

Sínodo sobre a Amazônia, que preocupa Bolsonaro, será realizado de 6 a 27 de outubro (Paul Hanna/Reuters)

Sínodo sobre a Amazônia, que preocupa Bolsonaro, será realizado de 6 a 27 de outubro (Paul Hanna/Reuters)

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AFP

Publicado em 25 de fevereiro de 2019 às 13h46.

O sínodo sobre a Amazônia, anunciado pelo Papa Francisco em outubro de 2017 e que preocupa o governo do presidente Jair Bolsonaro, será realizado de 6 a 27 de outubro, anunciou o Vaticano nesta segunda-feira.

"O secretariado-geral do Sínodo dos Bispos anuncia que o Papa Francisco convocou a assembleia especial do Sínodo dos Bispos para a região amazônica, de 6 a 27 de outubro", afirma o Vaticano em um comunicado.

O tema do encontro no Vaticano será: "Amazônia: novos caminhos para a Igreja e uma ecologia abrangente", acrescentou o comunicado.

"O objetivo principal desta convocação é encontrar novos caminhos para a evangelização desta porção do povo de Deus, em particular os indígenas, muitas vezes esquecidos e privados de perspectivas de um futuro sereno, em particular por causa da crise que afeta a Floresta Amazônica, pulmão de importância capital para o nosso planeta", disse o Papa argentino em outubro de 2017, anunciando este encontro como uma resposta aos pedidos das conferências episcopais da América Latina.

Este encontro preocupa o governo do presidente brasileiro, que teme que suas políticas contra a demarcação de terras indígenas e ONGs que combatem as mudanças climáticas sejam questionadas durante o Sínodo.

Em meados de fevereiro, o jornal O Estado de São Paulo afirmou que a preocupação está relacionada à promoção de uma "agenda esquerdista do clero progressista" vinculado aos movimentos sociais, em uma Igreja Católica que desde a chegada do Papa Francisco abraçou demandas ambientais.

O jornal destacou na época as declarações do general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, que considerou que essa influência é particularmente preocupante nas áreas de fronteira.

"Achamos que isso é uma interferência em um assunto interno do Brasil", disse ele ao jornal.

Assim que chegou ao poder em 1º de janeiro, Bolsonaro transferiu a Fundação Nacional do Índio (Funai), a demarcação de terras indígenas e o serviço de monitoramento florestal para o Ministério da Agricultura, provocando críticas de organizações indígenas e defesa do meio ambiente.

Bolsonaro, que também prega o controle da atuação de ONGs, apoia o desenvolvimento do agronegócio em terras indígenas - restrito por lei - e se recusa a conceder mais territórios a essas comunidades ancestrais, que já foram alvo de desmatamento causado pela extração ilegal de madeira, mineração e expansão da fronteira agrícola.

A região amazônica, essencialmente coberta por uma floresta tropical, se localiza principalmente no Brasil, e também abrange oito outros países.

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