A presidente Dilma Rousseff recebe representantes de centrais sindicais, no Palácio do Planalto: os sindicalistas prometem reivindicar mais investimentos na saúde, na educação e um transporte público de qualidade. (Antonio Cruz/ABr)
Da Redação
Publicado em 26 de junho de 2013 às 16h00.
Brasília - Representantes das principais centrais sindicais do país declararam nesta quarta-feira apoio à convocação de um plebiscito sobre a reforma política, após reunião com a presidente Dilma Rousseff, disseram o ministro do Trabalho, Manoel Dias, e o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas.
De acordo com ambos, a reunião não serviu para levar à presidente a pauta de reivindicações das centrais, que estarão no centro da manifestação convocada pelos sindicalistas para o próximo dia 11.
No entanto, o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (PDT-SP), criticou o encontro e reclamou que a presidente não deu encaminhamento às demandas dos sindicalistas.
"Encaminhamos a pauta, todas as centrais falaram da pauta de (jornada de trabalho de) 40 horas (semanais), fim do fator previdenciário", disse Paulinho. "Simplesmente a presidente ouviu as centrais, levantou e foi embora sem nenhum encaminhamento", disse.
Freitas, da CUT, por sua vez, disse que a declaração do presidente da Força Sindical foi "totalmente distorcida". "Essa reunião não foi chamada para discutir a pauta dos trabalhadores", afirmou.
"Essa reunião foi chamada para fazer uma discussão sobre a questão das manifestações e do atual momento político do Brasil... O que nós colocamos na reunião: primeiro o apoio que vamos fazer em relação ao plebiscito e em relação à questão da reforma política", acrescentou.
Segundo o ministro do Trabalho, que é do PDT, mesmo partido de Paulinho, Dilma recebeu o apoio dos sindicalistas para o plebiscito e pediu que as centrais "apresentassem soluções" para ajudar a presidente a elaborar propostas que enviará ao Congresso.
Também participaram do encontro representantes da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), da União Geral dos Trabalhadores (UGT), da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), da CSP - Conlutas e da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB).
Pauta sindical
Na terça-feira, as centrais sindicais e o Movimento dos Sem Terra (MST) anunciaram uma manifestação conjunta para 11 de julho. Além da jornada de trabalho de 40 horas semanais sem redução do salário e do fim do fator previdenciário, estará na pauta da manifestação o fim dos leilões do petróleo, a reforma agrária e a rejeição de um projeto de lei que regulamenta a terceirização.
Os sindicalistas prometem ainda reivindicar mais investimentos na saúde, na educação e um transporte público de qualidade, bandeiras da série de protestos que tomou as ruas do país nas últimas semanas.
As manifestações populares levaram Dilma a se reunir com governadores e prefeitos em Brasília na segunda-feira e anunciar pactos nacionais pela saúde, educação, responsabilidade fiscal, transporte público e reforma política.
Na ocasião, a presidente defendeu um debate sobre um plebiscito para autorizar um "processo constituinte específico" para a reforma política. Na segunda-feira, após idas e vindas, o governo abandonou a possibilidade de convocar uma assembleia constituinte para fazer essa reforma.
Mais cedo, antes da fala dos sindicalistas, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, voltou a defender um plebiscito popular, no qual os eleitores responderiam sobre temas específicos da reforma política.
"No plebiscito, o povo participa diretamente, todos que tiverem desejo de participar vão poder fazer a sua escolha, através do seu voto, e definir o sistema político", disse Mercadante, que tem atuado muito próximo da presidente e sido porta-voz do governo.