Ministro das Relações Exteriores durante coletiva sobre as denúncias de espionagem de agências norte-americanas (Valter Campanato/ABr)
Da Redação
Publicado em 2 de setembro de 2013 às 21h09.
Brasília - Pela segunda vez em menos de dois meses o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, foi convocado pelo governo dar explicações sobre a espionagem americana, agora sobre a presidente Dilma Rousseff. Na conversa desta segunda-feira, 2, o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo exigiu que explicações da Casa Branca, por escrito, até o final dessa semana, sobre o caso.
O chanceler tinha quatro pontos a serem tratados com Shannon, que ouviu praticamente calado. Durante toda a tarde de domingo, 1º, Figueiredo falou por diversas vezes com a presidente Dilma Rousseff por telefone, até que chegassem ao que seria a conversa com o embaixador, convocado ainda no final de semana para comparecer às 9h da manhã desta segunda-feira ao Itamaraty.
"Convoquei o embaixador Thomas Shannon a meu gabinete e disse a ele da indignação do governo brasileiro com a violação das comunicações da Presidente da República. No nosso ponto de vista isso representa uma violação inadmissível e inaceitável da soberania brasileira. Esse tipo de pratica incompatível com confiança necessária na parceria estratégica entre dois países. Eu disse ao embaixador que o governo quer prontas explicações, formais, por escrito", informou Figueiredo durante entrevista ao lado do ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, em uma repetição bastante precisa do que realmente teria sido a conversa entre os dois, segundo assessores.
O próprio chanceler garantiu que o embaixador "entendeu o que foi dito". "Foi dito em termos muito claros. Muitas vezes se acha que diplomacia e dar um jeito explicar as coisas de forma sinuosa. Não é não. Quando as coisas tem que ser ditas de forma clara, elas são", afirmou. Shannon teria apenas respondido que, apesar desta segunda ser feriado nos Estados Unidos, a Casa Branca estava trabalhando e ele iria naquela momento para a embaixada relatar o que ouvira do chanceler.
Ainda não está claro o que o governo brasileiro fará com essa resposta. Até agora, as explicações dos Estados Unidos não foram consideradas suficientes e nem mesmo a visita a missão técnica e da missão política, essa comandada por Cardoso, na semana passada, trouxe algum resultado concreto. No entanto, o Itamaraty ainda não quer tratar de eventuais retaliações ou quaisquer outras medidas que não sejam pressões em fóruns internacionais.