O ministro da Fazenda, Joaquim Levy: governo irá alterar a cobrança do IPI de cosméticos (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 20 de janeiro de 2015 às 20h44.
São Paulo - As fabricantes de cosméticos querem discutir com o governo federal as implicações do aumento da carga tributária do setor anunciado na véspera, afirmou nesta terça-feira a entidade que representa o setor.
O governo anunciou na segunda-feira que irá alterar a cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de cosméticos, equiparando os atacadistas aos produtores industriais, sem aumento de alíquota.
A medida integra o mais recente pacote de mudanças fiscais, destinado a elevar a arrecadação em mais de 20 bilhões de reais em 2015.
"O setor quer ter a oportunidade de mostrar que as implicações das medidas anunciadas pelo governo, se aplicadas, prejudicarão o desempenho econômico desta indústria", disse João Carlos Basilio, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC) em nota.
Segundo o analista Guilherme Assis, da corretora Brasil Plural, o governo tentará com a medida alcançar a taxação sobre a distribuição dos produtos, acabando com planejamento tributário que permitia às empresas pagar menos impostos.
"O impacto é difícil de mensurar, o governo não divulgou a memória de cálculo, então precisamos ter um pouco mais de detalhes", afirmou. Em nota a clientes, a Elite Corretora pontuou que atualmente muitos produtores abrem empresas atacadistas, que pagam menos impostos, para vender seus produtos a preços mais baixos --uma manobra que seria barrada pela nova medida.
Em nota, o governo disse que a investida "equaliza a tributação ao longo da cadeia de produção e distribuição desse setor, evitando que se induzam acúmulos de margens acentuados no final dessa cadeia".
Segundo o Ministério da Fazenda, a expectativa é de um impacto na arrecadação de 381,41 milhões de reais neste ano, a partir de junho. Para um ano completo, o montante é estimado em 653,85 milhões de reais.
A ação da fabricante de cosméticos Natura fechou estável nesta terça-feria, depois de recuar quase 3 por cento no início do pregão, enquanto o papel da empresa de consumo Hypermarcas fechou em queda de 0,23 por cento, após cair 1,3 por cento.