Brasil

Sessão do Congresso não tem quórum para apreciar vetos

Sessão marcada para votar vetos da presidente Dilma foi encerrada pelo líder do governo na Câmara


	Sessão do Congresso Nacional para a análise de trinta vetos presidenciais foi marcada por bate boca entre os parlamentares
 (Luis Macedo/ Câmara dos Deputados)

Sessão do Congresso Nacional para a análise de trinta vetos presidenciais foi marcada por bate boca entre os parlamentares (Luis Macedo/ Câmara dos Deputados)

DR

Da Redação

Publicado em 2 de setembro de 2015 às 17h02.

Brasília - A sessão do Congresso Nacional marcada nesta quarta-feira (2) para votar vetos da presidente Dilma Rousseff a projetos polêmicos, como o que cria uma alternativa ao fator previdenciário – mecanismo usado para calcular a aposentadoria – e o que prevê o reajuste das remunerações do Poder Judiciário em até 78,56% foi encerrada sem nada votar.

Na apreciação do primeiro item da pauta, o projeto de resolução do Congresso 03/15, que amplia de 10 para 16 o número de relatorias setoriais do projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA), o  líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), pediu o encerramento da sessão e irritou a oposição que tentou impedir o fim da sessão sem sucesso.

A partir daí a sessão foi marcada por bate boca entre os parlamentares.

Os líderes Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Rubens Bueno (PPS-PR), respectivamente senador e deputado, acusaram parlamentares de partidos da base do governo de não registrarem presença por temerem a derrubada de vetos que representariam aumento de gastos para o Executivo federal.

“Isso é uma atitude que contraria o mínimo do respeito ao Congresso Nacional e a base do governo trabalhando dessa forma: oferecendo presentes, cargos e trocas de favores. É mais um balcão de negócios que o PT traz para o Congresso Nacional”, criticou Rubens Bueno.

Já o petista Carlos Zarattini (SP) tentou justificar a ausência de parlamentares da base na sessão.

“Não temos ainda uma garantia que o veto será mantido. É importante manter o veto porque existe negociação com o Judiciário para chegar a uma solução que melhore o salário dos funcionários”, disse.

Segundo Zarattini, o projeto aprovado e vetado prevê excessivo em um momento em que se prevê déficit orçamentário de R$ 30 bilhões para 2016.

“Seria impossível pagar este valor sem implicar cortes em outras áreas importantes como saúde, educação e infraestrutura. É necessário que haja compreensão de que o Brasil está vivendo momento de ajuste e vamos ter que passar este momento para garantir [remuneração] aos funcionários do Judiciário de acordo com o que precisam”, acrescentou.

O quórum mínimo de deputados, 257, exigido para a sessão, chegou a ser alcançado. No entanto, para que haja deliberação também é preciso o mínimo de 41 senadores, o que não ocorreu, o que obrigou o 1º vice-presidente do Congresso Nacional, deputado Waldir Maranhão (PP-MA), a encerrar os trabalhos.

A partir daí alguns servidores do Judiciário que acompanhavam a sessão das galerias começaram a gritar as palavras “respeito” e em seguida “covardia”.

Do lado de fora, no gramado em frente ao Congresso, dezenas de servidores do Judiciário acompanharam a sessão fazendo muito barulho pela derrubada do veto com vuvuzelas.

Os parlamentares ficaram exaltados. O deputado Domingos Sávio (PSDB-MG) bateu boca com o Maranhão e com o líder do PT na Câmara e os chamou de “moleques”.

Desde o dia 11 de março, as sessões do Congresso não têm número suficiente de parlamentares para deliberar. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), criticou o dia e horário em que as sessões estão senado marcadas.

“Não tenho conhecimento de acordo [para não votar], mas quando se marca uma sessão do Congresso às 11h de uma quarta-feira, nunca vi quórum. Na quarta-feira, as pessoas estão nas comissões, abre-se a sessão, aguarda-se uma hora, não dá quorum e se encerra. Não acho [que a sessão de hoje] foi marcada para ter quorum”, disse.

Cunha disse ainda que em determinado momento a pauta do Congresso terá que se enfrentada sob pena de sacrificar a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e do Orçamento Geral da União, que dependem da apreciação dos vetos  pendentes que trancam as demais votações.

“A pauta tem que ser enfrentada. Quanto mais o tempo passa, mais veto tem. Isto é contraproducente. O próprio governo vai precisar votar sua mudança de meta e isso não vai poder ser feito sem vencer o que tranca a pauta do Congresso”, disse.

Acompanhe tudo sobre:Câmara dos DeputadosCongressoDilma RousseffGovernoOposição políticaPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos TrabalhadoresSenado

Mais de Brasil

PF convoca Mauro Cid a prestar novo depoimento na terça-feira

Justiça argentina ordena prisão de 61 brasileiros investigados por atos de 8 de janeiro

Ajuste fiscal não será 'serra elétrica' em gastos, diz Padilha

G20: Argentina quer impedir menção à proposta de taxação aos super-ricos em declaração final