Trabalhador do Censo, do IBGE: segundo Ana Carla, a crise não se resolve somente com a questão da PNAD Contínua (Divulgação/IBGE)
Da Redação
Publicado em 24 de abril de 2014 às 20h36.
Rio de Janeiro - Servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aprovaram paralisação parcial da categoria na próxima terça-feira (29) em São Paulo, no Rio de Janeiro e na Paraíba, enquanto servidores de Alagoas, Pernambuco, do Espírito Santo e Maranhão aprovaram estado de greve e as unidades do instituto em outros estados realizam assembleias, ainda neste mês, para definir os rumos do movimento no país.
A informação foi transmitida hoje (24) pela diretora da Executiva Nacional da Associação dos Servidores do IBGE (Assibge), Ana Carla Magni.
Ela disse que a pressão para que haja uma revisão da posição sobre a PNAD Contínua, tanto por parte do IBGE quanto pelo Ministério do Planejamento, foi o estopim para uma possível greve dos funcionários, mas o movimento revela uma crise maior no instituto.
No último dia 10, o IBGE anunciou a suspensão, até janeiro do próximo ano, da divulgação trimestral da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), explicando que parlamentares tinham questionado a metodologia de cálculo da renda domiciliar per capita. No dia 15, a ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão, Miriam Belchior, afirmou que a divulgação trimestral poderia pôr em risco a qualidade da PNAD.
Segundo Ana Carla, a crise não se resolve somente com a questão da PNAD Contínua: "Esse é um estopim importante, mas tem que recompor a capacidade técnica do instituto e garantir a autonomia. Significa mais concursos, valorizar o salário dos trabalhadores, mas também garantir a autonomia técnica, repensando a democratização da instituição, recompondo o orçamento, porque não adianta ter gente e não ter recursos para fazer as pesquisas também”.
De acordo com ela, dos 5.790 trabalhadores do IBGE, 4 mil estão em condições de se aposentar nos próximos anos nas 580 agências do instituto em todo o país. Do concurso feito este ano, vão ingressar no máximo 550 trabalhadores.
“A gente já tem pelo menos dez agências funcionando sem nenhum trabalhador efetivo, 130 só com um efetivo e cerca de 180 unidades com dois trabalhadores efetivos. O restante é trabalhador temporário, que vai sair a qualquer momento. Os 330 servidores de nível intermediário não serão suficientes para recompor essas agências”, acrescentou.
Os trabalhadores pedem a abertura imediada de negociação com o governo federal. O Ministério do Planejamento informa que recebeu o pedido de reunião na semana passada, mas a Secretaria de Relações do Trabalho está com muita demanda de outras categorias do funcionalismo público. Portanto, ainda não há previsão de quando poderá atender os servidores do IBGE.