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Servidores acusam Salles de "destruição da gestão ambiental"

Em carta, os servidores da área ambiental afirmam que o ministro foi "ardiloso, falacioso e grosseiro com os servidores"

Servidores da área ambiental divulgaram uma carta aberta à sociedade de repúdio às "declarações e posturas" de Salles (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Servidores da área ambiental divulgaram uma carta aberta à sociedade de repúdio às "declarações e posturas" de Salles (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 18 de abril de 2019 às 11h40.

Última atualização em 18 de abril de 2019 às 15h33.

Servidores federais da área ambiental divulgaram nesta quarta-feira, 17, uma carta aberta à sociedade de repúdio às "declarações e posturas" do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

O documento, que alerta para o que eles chamam de "destruição da gestão ambiental federal", vem a público alguns dias depois de uma reunião conturbada no Rio Grande do Sul, em que Salles decidiu instaurar um procedimento administrativo contra funcionários do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) que não estavam presentes ao evento.

Dois dias depois, na segunda-feira, 15, o então presidente do órgão, Adalberto Eberhard, pediu exoneração do cargo.

"O ministro vem, reiteradamente, atacando e difamando o corpo de servidores do ICMBio através de publicações em redes sociais e de declarações na imprensa baseadas em impressões superficiais após visitas fortuitas a unidades de conservação onde não se dignou a dialogar com os servidores para se informar sobre a situação e sobre eventuais problemas e dificuldades", escrevem os servidores em carta assinada pela Associação Nacional de Servidores da Carreira de Meio Ambiente (Ascema Nacional).

A carta cita como exemplo declarações feitas por Salles em redes sociais e eventos públicos, como o do último fim de semana, no município de Tavares, na região do Parque Nacional da Lagoa do Peixe.

Na ocasião, como foi noticiado na segunda pelo jornal O Estado de S. Paulo, Salles repreendeu, diante de um público formado por políticos ligados ao agronegócio e a comunidade local de produtores rurais e pescadores, os funcionários do ICMBio por não estarem no evento, o que seria um desrespeito, no entender do ministro, a ele mesmo e a Eberhard, que também estava ali. Os servidores dizem, porém, que jamais foram convidados para a reunião. O público ovacionou Salles.

Na carta, os servidores afirmam que o ministro foi "ardiloso, falacioso e grosseiro com os servidores". Eles relatam também uma postagem de Salles em redes sociais.

"(Ele) Refere-se aos servidores de forma ofensiva, como em postagem no instagram ao dizer que pretendia fortalecer o ICMBio 'com gente séria e competente e não com bicho grilo chuchu beleza' que 'já tá provado que não funciona'", escrevem.

No documento, os servidores também destacam o funcionamento do ICMBio, e lembram que o órgão, que gere 334 unidades de conservação em todo o País, tem 1.593 servidores - "um para cada 100 mil hectares de área protegida", dizem. Eles comparam que o serviço de parques dos EUA tem um servidor para cada 2 mil hectares. Dessa forma, cada profissional brasileiro precisa cuidar de uma área 50 vezes maior que a do seu par americano.

A reportagem procurou o Ministério do Meio Ambiente para repercutir a carta, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem. Nesta quarta-feira, Salles convidou para assumir a presidência do ICMBio o comandante da PM ambiental de São Paulo, coronel Homero de Giorge Cerqueira.

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