Osmar Serraglio: a permanência de Serraglio como ministro de Estado tem uma importância estratégica para o governo (José Cruz/ABr/Agência Brasil)
Reuters
Publicado em 29 de maio de 2017 às 19h53.
Brasília - O ainda ministro da Justiça e deputado federal licenciado, Osmar Serraglio (PMDB-PR), decidiu adiar para terça-feira a decisão sobre se vai aceitar ser deslocado para o Ministério da Transparência, ocupado até o momento por Torquato Jardim.
No domingo, o presidente Michel Temer anunciou Jardim para a pasta da Justiça, num movimento que visa a fortalecer a posição do governo às vésperas do julgamento da chapa Dilma-Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Torquato Jardim, amigo pessoal de Temer, é ex-ministro do TSE e tido por interlocutores do presidente com maior trânsito nos tribunais superiores.
A troca das cadeiras não foi formalizada no Diário Oficial da União diante do impasse da ida do atual ministro da Justiça para a pasta da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União.
Serraglio desembarcou em Brasília no final da tarde de segunda-feira, pouco depois do presidente viajar para São Paulo, e teve uma conversa com aliados para decidir seu futuro.
O ministro acertou com o líder do PMDB na Câmara, Baleia Rossi (SP), que deverá ter uma conversa com Temer na terça a fim de tomar uma decisão.
A permanência de Serraglio como ministro de Estado tem uma importância estratégica para o governo.
Isso porque mantém na Câmara e com direito a foro privilegiado o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), que foi suspenso de suas atividades por ordem do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Se Serraglio voltar para a Câmara, Rocha Loures perderá a cadeira e a prerrogativa, ficando sujeito a ser investigado pela primeira instância da Justiça, tradicionalmente mais célere que o Supremo.
Antes de assumir a vaga na Câmara no lugar de Serraglio, Loures era assessor especial de Temer.
Em uma ação controlada com autorização do STF, Rocha Loures foi flagrado recebendo uma mala com 500 mil reais de propina da JBS.
O empresário Joesley Batista, um dos donos do grupo JBS, disse em delação premiada que Rocha Loures foi indicado por Temer para tratar de negócios referentes ao presidente. O presidente nega a afirmação.