Site de Serra destacará a alta carga tributária, o câmbio valorizado e o gargalo no setor de transportes (Gilberto Marques/Governo de SP)
Da Redação
Publicado em 3 de agosto de 2012 às 19h56.
São Paulo - Inspirado pelo filósofo, escritor e poeta francês Paul Valéry, o ex-governador de São Paulo José Serra estreou hoje o seu site na web (www.joseserra.com.br), destacando que 'os deuses sopram ao poeta o primeiro verso; o resto, depois, é com ele, fruto do seu esforço'. Em seu primeiro post, ele diz ainda que existem "milhões de sites pelo mundo afora", mas que decidiu criar o seu, para dividir com os internautas suas descobertas, alegrias, anseios e esperanças. E, sobretudo, "um lugar para debater políticas públicas, temas que digam respeito ao futuro do Brasil e dos brasileiros".
E nas discussões sobre o País, Serra estreou com críticas ao governo da adversária Dilma Rousseff (PT). Ele criticou a dificuldade em vigiar as fronteiras e o desafio de fazer o País crescer diante de um cenário marcado pela falta de infraestrutura e pela pesada carga tributária. O ex-governador classificou de "modesto" o desempenho da economia brasileira nos últimos oito anos e disse ainda que a administração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou um legado preocupante para o País.
Entre as "preocupações" citadas por Serra no artigo "Uma realidade pouco animadora", é destacada a alta carga tributária, o câmbio valorizado, o gargalo no setor de transportes e as carências em Saneamento, Saúde e Educação. "O novo governo promete que vai enfrentar os desafios, mas mostra falta de convicção e de rapidez, além de falta de prioridades, cujo símbolo maior é o trem-bala", disparou Serra.
Convicção
Para o tucano, os desafios só podem ser enfrentados com crescimento rápido e sustentado. "A falta de convicção apareceu na crise do sistema aeroportuário, onde depois de anos demonizando as privatizações o PT e a presidente Dilma concluíram que melhor mesmo é privatizar", disse. "E a falta de rapidez fica visível no atraso das providências para a Copa do Mundo. Assunto no qual em vez de resolver os problemas o governo prefere terceirizar responsabilidades", apontou. "Minha torcida, como a de todo brasileiro, é para que as coisas deem certo, ou o prejuízo será, como já tem sido, coletivo. Para tanto, é preciso que se tomem as providências adequadas. Não é o que está em curso ainda, infelizmente", finalizou.
Além de seus artigos publicados recentemente na imprensa, Serra ressuscita a questão do combate às drogas, um dos primeiros temas a ser abordados por ele durante a campanha presidencial de 2010. Serra reclama que não há recursos suficientes para a Polícia Federal (PF) combater a entrada de drogas no País e afirma que existe uma contradição entre o discurso governamental e a prática.
"Pode haver ausência mais gritante da falta de prioridade no combate às drogas, de contradição entre discurso e prática de governo? Mesmo que não houvesse corte de orçamento da PF, a vigilância das fronteiras seria, como é, precária, em face do abandono do setor. O corte, neste caso, termina sendo uma manifestação sádica da falta de consideração pela segurança e a saúde na população", atacou no texto intitulado "A prática desmente o discurso".
No mesmo post, Serra mencionou a introdução de novas drogas, como o crack e o oxi, que chegariam facilmente aos grandes centros consumidores porque as fronteiras brasileiras são "as mais desguarnecidas do mundo". "Enquanto isso, o ministro da Justiça lança nova campanha pelo desarmamento. Iniciativa oportuna, a não ser por um detalhe: o anúncio da campanha, com o alarido publicitário de costume, foi no Rio de Janeiro, a 1500 quilômetros da fronteira por onde entram no Brasil as armas que vão parar nas mãos dos traficantes", criticou.