Serra sobre Henrique Meirelles: "Não lembro de presidente do Banco Central tão ignorante ou comprometido com especulação cambial como esse senhor" (Fabio Rodrigues Pozzebom/AGÊNCIA BRASIL)
Da Redação
Publicado em 16 de novembro de 2015 às 11h33.
São Paulo - O senador José Serra (PSDB-SP) afirmou na manhã desta segunda-feira, 16, que Henrique Meirelles, um dos nomes cotados para eventualmente assumir o Ministério da Fazenda no lugar de Joaquim Levy, foi o pior presidente do Banco Central que o Brasil já teve.
O senador chegou a chamar Meirelles de ignorante e especulador. "Não lembro de presidente do Banco Central tão ignorante ou comprometido com especulação cambial como esse senhor", disse Serra em apresentação que faz a empresários do setor químico na capital paulista.
Para Serra, enquanto o mundo estava diminuindo juros na época da crise financeira de 2008, Meirelles à frente do BC aguardou mais de cinco meses para baixar a taxa brasileira e quando o fez, foi lento na reação. "O dólar voltou ao patamar de R$ 1,06, foi um golpe de morte na indústria", disse o tucano.
Serra disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "jogou pela janela" a bonança econômica da década passada e que a presidente Dilma Rousseff é culpada por equívocos em licitações de infraestrutura.
Segundo o senador, a primeira década do século XXI foi o período de maior bonança para a América Latina dado o boom das commodities. "Jogaram essa chance pela janela, esse dinheiro foi torrado em consumo, não foi usado para aumentar a competitividade da economia".
O senador criticou Dilma por "regular a taxa de lucro" e afastar o interesse da iniciativa privada. Disse também que, em sua gestão, a presidente cedeu desonerações para a indústria sem exigir contrapartidas de investimento.
Serra disse avaliar que apesar dos erros na esfera federal, a situação do país não é desesperadora, mas falta haver de fato um governo. "Não há uma situação desesperadora para efeito de recuperação (da economia), mas precisa ter governo", disse ao alegar concordar com a afirmação do ministro do STF Marco Aurélio Mello de que o país hoje não tem governo.
"Não se votou LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias). A DRU (Desvinculação de Receitas da União) até hoje não foi votada e expira agora em dezembro, vai ser um Deus nos acuda", disse o tucano.
Serra criticou a postura do governo Dilma no primeiro mandato na MP 579 das elétricas, quando, segundo ele, o governo quis baixar as tarifas de energia em 20% por razões eleitorais. O tucano também criticou a falta de investimento em infraestrutura e o retrocesso no comércio internacional.
Ao criticar a política de comércio internacional desenvolvida pelos governos petistas de Lula e Dilma, Serra disse que o Mercosul se tornou uma "supernação bolivariana" que deixa o Brasil amarrado.
Para o senador, se o Brasil não estivesse preso ao Mercosul, poderia "embarcar" em acordos de livre comércio com os Estados Unidos.
O tucano avaliou que o país "carrega" países menos industralializados. "A China não vai carregar países como Vietnã e Camboja em acordos internacionais, com todo respeito que esses países merecem."
O senador deu sua receita para tirar o país da crise. Ele lembrou que apesar do cenário de expectativas ruins, o Brasil tem o câmbio favorável à indústria, uma balança de pagamentos razoável e alto valor de reservas cambiais.
Para Serra, o país precisaria investir pesadamente em infraestrutura, estimulo à exportação e na produção de petróleo.
Governo novo
Serra avalia que o governo Dilma não terá condições de proporcionar uma "união nacional", recuperar credibilidade e levar o país a sair de um ciclo vicioso para um ciclo virtuoso. "O Brasil precisa de um governo novo, é uma realidade política, não estou entrando no mérito de se pode ou não pode", afirmou.