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Série da Netflix aumenta busca por ajuda contra suicídio em 445%

A exibição da série "13 Reasons Why", que trata de bullying, depressão e suicídio numa escola secundária, provocou alta de 170% nos acessos ao CVV

Os 13 porquês: pais devem observar mudanças e comportamento e manter um diálogo aberto (Netflix/Divulgação)

Os 13 porquês: pais devem observar mudanças e comportamento e manter um diálogo aberto (Netflix/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de abril de 2017 às 09h43.

Última atualização em 19 de abril de 2017 às 12h49.

Depois da estreia da série 13 Reasons Why, produto da Netflix que trata de bullying e suicídio em uma escola americana, subiu 445% o número de e-mails com pedidos de ajuda recebidos pelo Centro de Valorização da Vida (CVV).

Houve alta ainda de 170% na média diária de visitantes únicos no site.

Em 13 episódios, o programa retrata a dor de Hannah Baker, adolescente que sofre bullying e grava em fitas os motivos pelos quais teria dado fim à vida.

Segundo o centro, a maioria das pessoas que está buscando atendimento nos canais do CVV nos últimos dias é jovem e se identifica com a dor da personagem principal.

A organização alerta que pais e familiares devem ter um olhar atento para mudanças de comportamento de adolescentes e não hesitar em pedir ajuda profissional.

Especialistas ouvidos pelo Estado apontam que adolescentes devem ter acompanhamento de adultos ao assistir a série.

No site da entidade, que dá apoio psicológico 24 horas por e-mail, chat, skype e telefone, a média diária de 2,5 mil visitantes únicos saltou para 6.770 em abril - a série foi lançada em 31 de março. Anteontem, depois que a série foi alvo de críticas nas redes sociais, houve pico: 9.269 pessoas visitaram o site.

Em relação aos e-mails, entre 1º e 10 de abril, o CVV registrou 1.840 mensagens, ante 635 no mesmo período de março. De uma média de 55 e-mails diários que chegam ao CVV, nos primeiros dez dias de abril esse número cresceu para mais de 300. Na semana passada, ao menos cem pessoas mencionaram a série.

Presidente do CVV e voluntário há 23 anos, Robert Paris afirma que os jovens têm buscado ajuda da entidade e citam a série por se sentirem tocados pelo conteúdo.

"[ELES DIZEM]Então, na conversa que temos com essa pessoa, podemos trafegar livremente pelo personagem e por ela. Às vezes, dessa maneira, a pessoa fica mais à vontade para desabafar", explica.

Paris orienta que os pais devem observar mudanças e comportamento e sempre ter um diálogo aberto. "Pergunte: ‘O que está se passando com você? Posso ajudá-lo? Vamos conversar?’. Às vezes, essas perguntas são mágicas."

Em casos de mudança radical no comportamento do jovem, a ajuda profissional é indicada. O CVV, aponta o presidente, serve de "canal para alívio das dores psíquicas dos que precisam conversar", mas não promove terapia.

"Não pode ter aquele tabu de que ajuda profissional é ‘coisa para louco’, aquelas coisas que se dizem popularmente. Esta é a maior barreira à causa de prevenção do suicídio. O assunto tem de ser tratado com naturalidade. Falar é terapêutico."

Acompanhamento

A grande repercussão de 13 Reasons Why tem levado psicólogos e pedagogos a se posicionarem sobre a série, que vem sendo assistida por estudantes e também pacientes.

A psicóloga e pesquisadora da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Luciana Zobel Lapa, que é orientadora educacional da Escola Stance Dual, diz que a série não é adequada para adolescentes que ainda não entraram no ensino médio. Ela também recomenda que os episódios sejam assistidos com acompanhamento dos pais. "Ou, pelo menos, assista primeiro e avalie a pertinência de os filhos assistirem".

A gerente de Comunicação da Netflix, Amanda Vidigal, disse ao Estado que a empresa teve "total cuidado" ao produzir a série, por tratar de "temas sensíveis", e destacou que toda a produção contou com apoio de uma consultoria de profissionais da saúde.

"Também foi criado um after show de 30 minutos, exibido após a série, com produtores, atores e esses consultores que falam da importância do tema. Além disso, criamos um site que dá o contato dos grupos de suporte." Nos três episódios com cenas mais pesadas - 9, 12 e 13 - há alertas para o espectador.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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