Senado: para o líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), as “agências de risco erram” e a decisão da Standard & Poor's não é “o fim do mundo” (Pedro França/Agência Senado)
Da Redação
Publicado em 9 de setembro de 2015 às 22h44.
A decisão da agência de classificação de risco Standard & Poor's de rebaixar a nota de crédito do Brasil de BB+ para BBB-, com a perda do grau de investimento do país, repercutiu imediatamente no Senado, onde o presidente da Casa e do Congresso Nacional, Renan Calheiros (PMDB-AL), avaliou que “somente a retomada do crescimento econômico” poderá fazer o Brasil reverter a situação.
Para o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), foi um “desastre anunciado”, fruto de "sucessivos erros" na condução da política econômica.
Mas, para o líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), as “agências de risco erram” e a decisão da Standard & Poor's não é “o fim do mundo”.
“Nós temos dito, e eu queria repetir, que a única maneira de resolver esses problemas que afetam o Brasil é pela retomada do crescimento econômico. O ajuste fiscal foi feito, o legislativo colaborou, mas só a retomada do crescimento econômico tira o Brasil dessa condição”, opinou Renan Calheiros ao saber do rebaixamento.
Ainda na opinião de Renan, é preciso “fazer as reformas estruturais, dar eficiência ao gasto público e retomar o crescimento. O que for preciso para que nós sigamos esse caminho, acho que tem que ser priorizado”.
O senador Delcídio Amaral também considerou que o governo brasileiro “tem todas as condições” de promover as reformas necessárias para que o Brasil volte a crescer e garanta a retomada do grau de investimento, mas “temos que fazer a lição de casa com humildade. É vida que segue. O fato de esse rebaixamento ter aparecido hoje, demonstra que vamos trabalhar em cima de propostas [para] mudar esse cenário de pessimismo”, disse Delcídio.
Para o líder petista, no entanto, a “Standard & Poor’s não é a última parada sob o ponto de vista econômico, pois basta ver a bolha imobiliária americana que levou o mundo, em 2008 e 2009, àquela situação de extrema dificuldade. O mundo até hoje não superou. A S&P não previu, como outras agências de classificação de risco não tiveram condição e competência para prever”.
O líder do DEM, senador Ronaldo Caiado (GO), discorda de Delcídio e considera que a queda na classificação do Brasil é um “atestado da falência do atual governo perante o cenário internacional. Se nós já temos uma situação interna péssima, teremos uma situação extremamente calamitosa no cenário internacional”.
O rebaixamento da nota significa que o Brasil deixa de ser considerado um país para investimento, uma chancela concedida aos países que são considerados bons pagadores e seguros economicamente. No comunicado que anuncia a decisão, a agência diz que o perfil de crédito do Brasil se enfraqueceu desde 28 de julho, quando houve revisão da perspectiva de nota do país para negativa, ainda com manutenção do grau de investimento.
A S&P sinaliza que a proposta orçamentária do país para 2016, prevendo um déficit primário de R$ 30,5 bilhões em lugar do superávit de 0,7% estimado anteriormente, influenciou a decisão do rebaixamento. Para a agência, a proposta orçamentária com déficit “reflete desacordo sobre a composição e magnitude das medidas necessárias para reparação da derrapagem das finanças públicas”. A nota também cita a relação entre o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e a presidenta Dilma Rousseff.
Para o líder do PMDB, senador Eunício Oliveira (CE), o rebaixamento já era esperado por causa do orçamento deficitário que foi enviado pelo governo ao Congresso Nacional.
Mesmo assim, ele não acredita que a decisão da agência possa piorar a crise política vivida pelo país: “Eu não posso acreditar que vocês imaginem que uma agencia de avaliação possa influenciar na derrubada de um governo. A avaliação é ruim do ponto de vista do investimento, mas o mundo não acabou”.
Para senador Aécio Neves (MG), “o cenário é ainda mais grave porque estamos em um governo no qual a presidente terceirizou a sua política econômica.
Um governo que não tem hoje uma base política com força para aprovar reformas estruturais e um governo que não tem sequer um plano de governo. Infelizmente, a perda do grau de investimento do Brasil e a perspectiva de revisão negativa nos próximos doze meses mostram que o governo da presidente Dilma acabou”, diz nota pública divulgada pelo senador.