Renan Calheiros: senador indicou os nomes de oposição depois que os partidos se negaram a escolher senadores para integrar a investigação das denúncias contra a estatal (Luis Macedo/Câmara dos Deputados)
Da Redação
Publicado em 13 de maio de 2014 às 17h59.
Brasília - A CPI da Petrobras composta exclusivamente por senadores deve dar início aos trabalhos na quarta-feira, após o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), indicar nesta terça-feira os integrantes dos partidos de oposição – PSDB e DEM— que farão parte da comissão.
Renan indicou os nomes de oposição depois que os partidos se negaram a escolher senadores para integrar a investigação das denúncias contra a estatal. PSDB e DEM preferem que uma CPI mista, composta por deputados e senadores, investigue a Petrobras.
O presidente do Senado indicou os senadores Cyro Miranda (PSDB-GO), Lúcia Vânia (PSDB-GO) e Wilder Morais (DEM-GO) para compor a CPI da Petrobras. A decisão provocou protestos dos escolhidos.
“Não vou gastar energia nessa comissão. A sociedade quer a CPMI”, disse a senadora Lúcia Vânia, que contestou ainda a escolha de três senadores goianos para a comissão.
Diante da reclamação, Renan afirmou que aceitaria sua rejeição e indicaria outro tucano até o final desta terça-feira para integrar as investigações.
Com a definição dos nomes, o líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), disse que o senador João Alberto Souza (PMDB-MA), o parlamentar mais idoso da CPI, dará início aos trabalhos da CPI já nesta quarta.
Na primeira sessão, devem ser escolhidos o presidente e o relator da comissão. Previamente, o PMDB, maior bancada da Casa, já indicou o senador Vital do Rêgo (PB) para presidir a CPI.
Apesar da instalação da CPI da Petrobras nesta quarta, senadores aliados e de oposição já disseram à Reuters que a tendência é que ela não avance nas investigações, que devem mesmo ficar a cargo da CPI mista, que deve ser efetivamente instalada até o final do mês.
O governo preferia que a investigação ficasse restrita ao Senado por considerar que tem maior controle sobre os aliados naquela Casa, mas não tem como evitar o funcionamento da CPI mista.
Uma CPI para investigar a Petrobras em ano eleitoral tem potencial para causar danos ao projeto de reeleição da presidente Dilma Rousseff, que se viu no centro da criação da comissão, depois de apontar que a compra de uma refinaria em Pasadena, nos Estados Unidos, pela estatal foi baseada em um parecer “técnica e juridicamente falho”.
A compra foi aprovada pelo Conselho de Administração da empresa quando Dilma ocupava a presidência do órgão e era ministra-chefe da Casa Civil.
A CPI também pretende investigar denúncias de que houve pagamento de propina a funcionários da Petrobras num contrato com uma empresa holandesa, a construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e a ativação de plataformas de exploração de petróleo sem todas as condições de segurança.