Aécio Neves: a votação sobre o afastamento em si, a pedido de líderes partidários, só deve ocorrer na próxima semana (Ueslei Marcelino/Reuters)
Reuters
Publicado em 28 de setembro de 2017 às 13h18.
Brasília - O Senado aprovou nesta quinta-feira o regime de urgência para analisar decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que afastou o senador Aécio Neves (PSDB-MG) do mandato e determinou seu recolhimento noturno.
A votação sobre o afastamento em si, a pedido de líderes partidários, só deve ocorrer na próxima semana. O PT já avisou que representará contra Aécio no Conselho de Ética da Casa por quebra de decoro parlamentar.
Senadores aprovaram o requerimento que conferiu urgência à votação da decisão da Suprema Corte nesta quinta por 43 votos a 8, permitindo que o assunto possa ser o primeiro item da pauta na próxima sessão.
Mas com o adiamento da votação para a próxima semana, senadores ganham tempo para articulações.
Primeiro a pedir que a votação da decisão do STF ficasse para a próxima semana, o líder do PSDB, Paulo Bauer (SC), argumentou que o quórum desta quinta-feira poderia prejudicar o resultado.
"O PSDB tem a intenção de ver essa matéria votada com urgência, como colocamos no requerimento, mas não necessariamente a urgência tem que fazer com que tenhamos a votação no dia de hoje", disse, no plenário.
"Eu já queria aqui propor aos líderes que nós deixássemos a votação da matéria propriamente dita para a próxima terça-feira, quando, com certeza, nós teremos um número expressivo de senadores", avaliou Bauer, sendo apoiado por boa parte dos líderes presentes.
Na terça-feira, por três votos a dois, a 1ª Turma do STF decidiu afastar novamente o presidente licenciado do PSDB e senador mineiro do exercício de seu mandato, como havia defendido a Procuradoria-Geral da República (PGR), e determinou ainda que Aécio não poderá se ausentar de casa à noite, deverá entregar seu passaporte e ainda não poderá se comunicar com outros investigados no caso, como a sua irmã Andrea Neves.
O senador foi denunciado pela PGR por corrupção passiva e obstrução de Justiça, com base nas delações premiadas de executivos da J&F, holding que contra a JBS.
Aécio foi gravado pelo empresário Joesley Batista, um dos donos da J&F, acertando o pagamento de 2 milhões de reais que seriam usados para pagar advogados que defendem o parlamentar na operação Lava Jato. Posteriormente, em ação controlada, a Polícia Federal filmou a entrega do dinheiro a um primo de Aécio.
O parlamentar nega irregularidades e afirma que os recursos eram um empréstimo que seria devidamente legalizado posteriormente. Diz ainda ter sido alvo de uma armação montada por Joesley.