Publicado em 8 de maio de 2024 às 17h37.
Última atualização em 8 de maio de 2024 às 19h00.
O Senado aprovou nesta quarta-feira, 8, o projeto de lei que cria um novo seguro obrigatório de veículos terrestres, conhecido como DPVAT . O projeto teve 41 votos favoráveis a 28 contrários, e segue para a sanção presidencial.
Durante a tramitação no Senado, o Congresso incluiu uma medida que libera R$ 15 billhões em gastos para o governo federal. O texto altera o arcabouço fiscal.
O texto prevê que o tributo passará a se chamar SPVAT e será cobrado dos proprietários de automóveis novos e usados para pagar as indenizações por acidentes. O pagamento será obrigatório para novos motoristas, mas o valor e a data do primeiro pagamento não foram definidos. Segundo Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado, a equipe econômica estima o valor de R$ 50 e R$ 60, a partir de 2025.
A cobrança foi extinta durante a gestão Jair Bolsonaro, em 2020.
O projeto foi anteriormente aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa na terça-feira, 7, por 15 votos a 11. A votação da matéria estava na pauta do plenário ontem, mas foi adiada pela decisão do Senado em votar exclusivamente o decreto legislativo de calamidade pública do Rio Grande do Sul (PDL 236/2024).
Desde 2021, a Caixa opera de forma emergencial o seguro obrigatório após a dissolução do consórcio de seguradoras privadas que administravam o DPVAT. Os recursos arrecadados nos últimos anos foram suficientes para pagar os pedidos até novembro do ano passado.
Por isso, o governo federal suspendeu os pagamentos do seguro no início deste ano por falta de dinheiro, e enviou um projeto de lei complementar ao Congresso para recriar a cobrança do seguro.
Na justificativa do projeto de lei, a União afirmou que após três anos do funcionamento diferenciado do seguro obrigatório, é necessário "estabelecer novas bases legais para assegurar de forma perene e sustentável e adequada para as vítimas de trânsito".
Para ter força de lei e voltar a ser cobrado dos motoristas, o projeto ainda terá que ser sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Dentro do projeto, foi incluída uma emenda que altera o arcabouço fiscal, aprovado no ano passado pelo Congresso.
A mudança permite que o governo antecipe do segundo bimestre para o primeiro bimestre de 2024 a possibilidade de o Executivo abrir crédito suplementar permitido na lei em razão de crescimento adicional da receita deste ano em relação ao mesmo período de 2023.
Na prática, o texto permite o aumento de despesa em 2024 no montante em torno deR$ 15,4 bilhões.
Esse valor corresponde à diferença entre o crescimento máximo da despesa (equivalente a 2,5% do crescimento real da receita do ano anterior) e o crescimento previsto no Orçamento deste ano (equivalente a 1,7% do crescimento real dessa mesma receita).
Como mostrou a EXAME, o mercado financeiro viu que a alteração abala a credibilidade da âncora fiscal e aumenta os ruídos na política fiscal no curto e médio prazo.