O ex-presidente do Uruguai José Mujica (E), ao lado do ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (UARLEN VALERIO/AFP)
Da Redação
Publicado em 3 de junho de 2015 às 17h01.
Brasília - A Comissão de Relações Exteriores do Senado aprovou nesta quarta-feira a formalização de um convite ao ex-presidente uruguaio, José Mujica, a fim de que comente supostas confidências do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre corrupção no Brasil.
O requerimento do convite foi iniciativa do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), que pretende que Mujica comente trechos do livro "Una oveja negra al poder" ("Uma ovelha negra no poder"), no qual os jornalistas Andrés Danza e Ernesto Tulbovitz fazem um repasse de sua gestão.
Segundo a publicação, Lula teria dito a Mujica que a única forma de governar o Brasil" era lidando com "muitas coisas imorais" e "chantagens".
A conversa, de acordo com o livro, teria sido presenciada pelo ex-vice-presidente uruguaio, Danilo Astori, semanas antes da posse de Mujica em 2010.
Antes de reproduzir o diálogo no livro, os jornalistas lembram que, durante seu mandato, Lula teve de enfrentar um dos maiores escândalos de corrupção do Brasil, o mensalão do PT.
No entanto, Mujica já negou que Lula tenha lhe confidenciado qualquer coisa sobre o mensalão quando essa comissão do Senado começou a discutir a possibilidade de convidá-lo para sobre o caso, e antecipou que não aceitaria o convite.
"Não vou viajar para nenhum lado! Pra que vou viajar?", respondeu a jornalistas que o consultaram sobre a possibilidade de aceitar esse convite caso fosse aprovado no Senado brasileiro.
Mujica explicou que Lula lhe falou apenas "das pressões e das chantagens, mas nada de dinheiro ou de corrupção".
Mesmo assim, Caiado insistiu hoje perante a comissão e conseguiu que o convite fosse aprovado, o qual esse grupo parlamentar enviará nos próximos dias ao ex-presidente uruguaio.
No entanto, além da recusa já manifestada por Mujica, as próprias normas internas do Senado dizem que, quando uma pessoa recebe um convite desse tipo, tem a liberdade de decidir se aceita ou não.
"Se isso vale para cidadãos brasileiros, imagine para um político uruguaio", comentou o senador Delcídio Amaral (PT-MS), que se opôs ao requerimento apresentado por Caiado.