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Semana recheada de pesquisas é decisiva para Aécio

Tucano disse que continuará atacando o governo e a segunda colocada Marina Silva (PSB) para buscar uma virada histórica que o leve para o segundo turno

Aécio Neves faz caminhada em Contagem, em Minas Gerais (Igo Estrela/Coligação Muda Brasil/Divulgação)

Aécio Neves faz caminhada em Contagem, em Minas Gerais (Igo Estrela/Coligação Muda Brasil/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 22 de setembro de 2014 às 18h44.

Brasília - A semana recheada de pesquisas eleitorais e com um novo debate no domingo é decisiva para as pretensões do candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, que continuará atacando o governo e a segunda colocada Marina Silva (PSB) para buscar uma virada histórica que o leve para o segundo turno.

Na avaliação da cúpula da campanha tucana, há um movimento de recuperação dos votos perdidos para Marina que foi detectado pelas pesquisas da semana passada e que, segundo levantamentos internos do PSDB e do PT, da presidente Dilma Rousseff que tenta a reeleição, continua nos trackings diários.

Mas a intensidade dessa recuperação ainda não está clara e, por isso, ao final desta semana Aécio pode estar comemorando uma reação incrível ou, no pior cenário, se lamentando por ser o primeiro tucano a não ir ao segundo turno desde 1989.

É bom lembrar que o também tucano Fernando Henrique Cardoso foi o único presidente a ser eleito no primeiro turno (1994 e 1998).

"A onda da razão já ganhou seu voto?", atendeu o telefone nesta segunda-feira um dos estrategistas de Aécio, animado com a possibilidade de uma virada eleitoral. Segundo ele, a animação vinha dos trackings diários do PSDB, que apontavam uma recuperação de votos.

"Nossas pesquisas mostram a diferença entre ele a Marina caindo para 7 pontos percentuais", disse ele, sob condição de anonimato. "E o PT também está vazando informações que mostram os dois em empate técnico", acrescentou.

Talvez não seja tanto, mas uma fonte do comitê de Dilma confirmou à Reuters que há sim uma queda, "não vertiginosa" mas "constante", das intenções de voto em Marina e uma migração para Aécio.

A expectativa entre os petistas é que a diferença entre os dois, que estava em 13 pontos percentuais na última pesquisa Datafolha, caia para menos de 10 pontos percentuais nos levantamentos que serão divulgados nesta semana.

Na semana passada, o Ibope mostrou Dilma recuando de 39 para 36 por cento das intenções de voto, Marina oscilando de 31 a 30 por cento e Aécio crescendo de 15 a 19 por cento.

Já o Datafolha mostrou Dilma indo de 36 a 37 por cento e Marina passando de 33 a 30 por cento, enquanto Aécio foi de 15 a 17 por cento.

Os petistas não escondem que preferem disputar o segundo turno contra o tucano em lugar de contra Marina. O senador e candidato a vice na chapa do PSDB, Aloysio Nunes Ferreira, confirmou a animação com os levantamentos internos.

"Nossas pesquisas mostram também que aumenta no eleitorado a dúvida sobre a capacidade da Marina de governar", disse.

Para o cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas Cláudio Couto, porém, é preciso cautela.

"Eu acho que a situação do Aécio já é muito complicada para uma virada", disse ele à Reuters. "Eu acho muito improvável que tenha resultados de pesquisas que melhorem a situação dele", acrescentou.

Segundo Couto, a distância entre Aécio e Marina é muito grande para uma recuperação em poucos dias. Mas Aécio ainda não jogou a toalha e continuará centrando suas críticas em Marina e também no governo.

"Está funcionando a estratégia de mostrar a Marina como petista. Estamos recuperando o voto antipetista. Não tem porque mudar agora", explicou o estrategista tucano. Além disso, Aécio vai reforçar a campanha nos "quintais tucanos", como Minas Gerais, São Paulo e Paraná.

Em São Paulo, os tucanos acreditam que podem melhorar bastante o desempenho de Aécio se a "onda da razão" começar a tirar votos da "onda da emoção da Marina", já que o governador Geraldo Alckmin, do PSDB, deve se reeleger no primeiro turno e ainda não transfere tantos votos para Aécio.

Além disso, parte do programa na TV continuará sendo usada para atacar o governo por dois motivos: evitar que a presidente Dilma Rousseff, que concorre à reeleição pelo PT, tenha uma diferença favorável muito grande numa eventual disputa de segundo turno e também para demarcar o território de oposição ao PT e garantir a trincheira do antipetismo.

"Nós precisamos dar uma mensagem clara ao eleitor: o Aécio é oposição ao PT", disse Aloysio Nunes.

O estrategista de Aécio, entretanto, admite que se essa semana não for positiva nas pesquisas e no debate haverá um efeito reverso entre os tucanos, desmobilizando a arrancada final de Aécio.

Couto também lembra de um fenômeno comum em eleições, que é o voto útil. Se as pesquisas não demonstrarem que Aécio tem condições para chegar ao segundo turno, sua votação pode ficar menor do que a registrada na pesquisa.

"É possível que na última hora eleitores que seriam do Aécio mudem ao perceber que o voto é num candidato que não tem a menor chance", disse o professor da FGV.

Força Sindical

Mas para evitar esse processo e ampliar a sangria de votos de Marina, o PSDB convocou a Força Sindical, uma das maiores centrais sindicais do país, para criticar a proposta da candidata de terceirização.

O presidente da Força, Miguel Torres, disse à Reuters que está estudando se divulgará um comunicado contra a proposta de Marina ou se fará uma panfletagem.

"Do jeito que está lá, é uma desgraça para o trabalhador", disse Torres, argumentando que a proposta de Marina para o tema é muito abrangente. Segundo ele, a Força Sindical não é contra o debate sobre a regulamentação da terceirização.

"Conforme aumentar o risco (de Marina ir para o segundo turno) nós vamos ter que panfletar. Mas ainda estamos estudando como fazer", disse Torres.

O programa de Marina aponta para a necessidade de regulamentar a terceirização, mas não diz em quais setores.

"Disciplinar a terceirização de atividades com regras que a viabilizem, assegurando o equilíbrio entre os objetivos de ganhos de eficiência e os de respeito às regras de proteção ao trabalho", diz um dos trechos do programa que trata do tema.

Torres disse ainda que "está difícil" para o Aécio virar contra Marina. "Mas agora é aquela hora que o eleitor decide mesmo, então ainda é possível".

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