Integrantes do MTST durante ato contra a especulação imobiliária, em São Paulo (Oliver Kornblihtt/Midia NINJA/Creative Commons)
Da Redação
Publicado em 24 de junho de 2014 às 21h49.
São Paulo - Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) sitiaram nesta terça-feira, 24, a Câmara Municipal de São Paulo, após os vereadores adiarem pela 18.ª vez a votação do novo Plano Diretor.
Barracas de lona foram montadas na frente do prédio, com colchões, cobertores e cozinha comunitária. O grupo promete ficar no Viaduto Jacareí até que o texto, que beneficia quatro de suas ocupações, seja aprovado, o que pode acontecer até Sexta-feira.
Nesta terça, porém, não houve quórum suficiente nem para iniciar os debates. Oficialmente, representantes da oposição e de partidos da base aliada do prefeito Fernando Haddad (PT), como o PMDB e o DEM, se negaram a discutir o plano em "solidariedade" a José Police Neto (PSD), que foi diretamente atacado pelo grupo.
Outros embaraços políticos ainda não resolvidos dificultaram o avanço do tema, como a inclusão de emendas apresentadas pelos vereadores no texto final e a própria pressão do movimento, que também reivindica a regularização da Copa do Povo, em Itaquera, zona leste.
Para complicar ainda mais o clima, o líder da oposição, Floriano Pesaro (PSDB), indicou que alguns petistas, como o relator do plano, Nabil Bonduki, integram a coordenação do MTST.
"As ligações estão cada vez mais evidentes. O que falta é transparência, ao mesmo tempo em que sobra violência, truculência e ameaças", disse.
Bonduki afirmou que atua na área há mais de 30 anos, mas que não tem nenhuma relação com o MTST. "O Plano Diretor vai beneficiar toda a cidade e, por isso, também quem precisa de moradia." O projeto reorganiza o crescimento por 16 anos.
Protesto
Do lado de fora, milhares de pessoas interditaram as duas faixas do viaduto durante protesto que começou às 15h e se estendeu até o início da noite - 9 mil, segundo o MTST, e 1 mil, de acordo com a Polícia Militar.
Coordenador nacional do movimento, Guilherme Boulos convocou seus associados a permanecer no local até que o Plano Diretor e a Ocupação Copa do Povo sejam aprovados pelos vereadores.
"Só neste ano viemos protestar ao menos seis vezes aqui. Já que eles não querem deixar que a gente tenha casa, a nossa casa vai ser aqui", afirmou.
Diante do descontentamento dos vereadores, que não aceitam a pressão feita pelo movimento, o presidente da Casa, José Américo (PT), recebeu uma comitiva de coordenadores do MTST para negociar uma possível data de votação e também uma espécie de recuo, com direito a pedido de desculpas.
A expectativa agora é que a proposta seja levada em plenário ainda nesta semana.