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Sem reivindicações atendidas, índios retornam ao Pará

Os mundurukus estavam em Brasília desde a terça-feira (4) da semana passada, quando desocuparam o principal canteiro da Usina Hidrelétrica de Belo Monte


	Índios mundurukus, vindos do Pará: o grupo, que ocupou a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) partiu da Base Aérea de Brasília no início da tarde de hoje (13), a bordo de dois aviões da Força Aérea Brasileira (FAB).
 (Agência Brasil)

Índios mundurukus, vindos do Pará: o grupo, que ocupou a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) partiu da Base Aérea de Brasília no início da tarde de hoje (13), a bordo de dois aviões da Força Aérea Brasileira (FAB). (Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 16h24.

Brasília – Os 144 índios mundurukus, que passaram mais de uma semana em Brasília tentando convencer o governo a interromper todos os empreendimentos hidrelétricos em obras ou em estudo na Amazônia, estão regressando ao seu estado, o Pará.

O grupo, que ocupou a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) na segunda-feira (10) - chegando a impedir a entrada de servidores durante toda a terça-feira (11) - partiu da Base Aérea de Brasília no início da tarde de hoje (13), a bordo de dois aviões da Força Aérea Brasileira (FAB).

Os mundurukus estavam em Brasília desde a terça-feira (4) da semana passada, quando desocuparam o principal canteiro da Usina Hidrelétrica de Belo Monte e aceitaram a proposta de se reunir com representantes do governo.

A principal reunião, com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, ocorreu no mesmo dia que os índios chegaram a Brasília, trazidos em aviões da FAB.

Ao fim da conversa com os índios, o ministro afirmou que o governo vai ouvir as comunidades afetadas pelos empreendimentos. Ele disse aceitar todas as formas de protesto democrático, mas que as obras em Belo Monte não seriam interrompidas e que a segurança no local seria reforçada.

Segundo uma das lideranças dos índios, Valdenir Munduruku, a articulação indígena destinadas a paralisar as iniciativas de aproveitamento dos rios Xingu, Teles Pires, Tapajós e Madeira, entre outros, não foi encerrada.

“Nossa luta apenas começou. Estamos retornando para nossa comunidade [onde] vamos nos fortalecer e nos aliar com outros parentes [povos indígenas] para, juntos, combatermos esse desrespeito do governo federal com nossa cultura, nossa crença e nossos direitos”, declarou Valdenir, pouco antes de o grupo partir.


“Outros povos estão se juntando a nós para combatermos não só Belo Monte, mas também Teles Pires e todas as usinas que estão sendo construídas sem que sejamos consultados”, disse.

Conforme havia dito ontem (12), durante entrevista à Rádio Nacional Amazônia, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Valdenir garantiu que, a menos que o governo federal interrompa a execução das obras e estudos, os mundurukus não voltarão a dialogar.

“O que o governo quer, nós não queremos. Ele quer ir a nossa terra dizer que vai construir hidrelétricas e ver o que queremos em troca. E nós não queremos nada em troca. Queremos nosso rio livre e nossa natureza preservada”, declarou Valdenir.

Ao ser perguntado sobre a morte de mais um índio em Mato Grosso do Sul, o líder munduruku criticou a demora na demarcação ou homologação de novas terras indígenas no Mato Grosso do Sul.

“Falta à Funai e aos governos [federal e estadual] tomarem providências antecipadas para que isso não aconteça. Esses índios estão morrendo enquanto lutam para reaver suas terras”.

Hoje (13), o delegado Rinaldo Gomes Moreira, responsável por investigar o assassinato, a tiros, do índio guarani-kaiowá Celso Figueiredo, adiantou à Agência Brasil que os depoimentos prestados pelo pai e pela irmão da vítima sugerem que o crime não seja resultado dos conflitos por terras que, só no último mês, deixaram um índio morto e outro gravemente ferido em Mato Grosso do Sul.

Em maio, logo após o assassinato de Osiel Gabriel, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, classificou os episódios de violência contra índios sul-mato-grossenses como uma “lamentável” consequência da judicialização a que estão sujeitos os processos demarcatórios de terras indígenas.

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