Padilha: ministro ainda comentou sobre a necessidade de "formar mais médicos e distribuí-los melhor pelo território brasileiro" (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 14 de agosto de 2012 às 17h14.
São Paulo – Se a participação do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, no Roda Viva, da TV Cultura, ontem à noite, pudesse ser resumida em dois tópicos, eles seriam: defesa do SUS e do desenvolvimento de tecnologia de saúde no Brasil.
Aliás, o momento mais acalorado do debate veio após a pergunta de um internauta: “Ministro, seja sincero, o senhor tem plano de saúde?”. A resposta não vacilou: “Não, eu uso o SUS”. A partir daí, Padilha começou sua defesa do Sistema Único de Saúde brasileiro que, segundo ele, pode se beneficiar com medidas como o “mutirão de cirurgia”, que “desafoga o número de cirurgias e diminui as filas”.
Os planos de saúde, por sua vez, foram muito criticados pelo representante do Ministério da Saúde. A própria Agência Nacional de Saúde suspendeu a comercialização de 268 deles e Padilha argumentou que “os planos também precisam seguir as regras” – especialmente as que falam sobre tempo máximo de espera.
Ficou claro que uma prioridade da administração de Padilha é a produção de tecnologia verde-amarela: “Quero que as coisas sejam feitas aqui, que as vacinas sejam específicas para os tipos de vírus que nós temos aqui”, disse.
Talvez seja essa defesa de tecnologia nacional que esteja por trás das decisões da Anvisa de dificultar a importação de equipamentos médicos de ponta, que tem forçado hospitais e laboratórios a comprar equipamentos obsoletos no exterior.
Sobre outra polêmica, que foi retomada quando o Conselho Regional de Medicina de São Paulo tornou obrigatória a prova de graduação para os médicos paulistas, o ministro foi igualmente incisivo: “Sou contra penalizar o aluno no final do curso, dessa maneira você não penaliza a faculdade. Mas nós não podemos permitir que faculdades continuem a formar profissionais de má qualidade”.
No lugar de uma prova nos “moldes da OAB”, como chamou, Padilha, que, nos intervalos, fazia piadinhas sobre a “cara de brava” das jornalistas presentes, sugeriu uma prova continuada. “O aluno faria a prova em mais de um ano do seu curso e ela poderia impedir a faculdade de abrir vestibular para o ano seguinte”, diz.