(Leonardo Benassatto/Reuters)
Talita Abrantes
Publicado em 30 de setembro de 2017 às 10h43.
Última atualização em 2 de outubro de 2017 às 12h39.
São Paulo - Faltando quase um ano para as eleições de 2018, a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva segue como a principal incógnita para a próxima corrida presidencial. Líder nas pesquisas de intenção de voto até aqui, o petista aguarda o julgamento do caso tríplex no Tribunal Regional Federal da 4ª região. Se sua condenação for confirmada na 2ª instância, ele vira ficha-suja e fica impedido de concorrer ao pleito.
A ausência de Lula no páreo embaralha o cenário eleitoral e, segundo nova sondagem do Instituto Paraná Pesquisas, abre espaço para a consolidação do deputado Jair Bolsonaro (PSC). Sem o ex-presidente na disputa, Bolsonaro lidera em todos os cenários com uma vantagem de até cinco pontos percentuais contra Marina Silva (Rede), que ficou em segundo.
O número de brancos, nulos e indecisos, por outro lado, estão empatados tecnicamente com os votos declarados para o ex-deputado federal -- cujo desempenho permanece o mesmo com ou sem a presença de Lula. Fato que sugere um possível teto das intenções de voto para o candidato e uma janela de oportunidade para a ascensão de outros nomes conforme se aproxima o pleito.
Apesar da liderança do deputado federal, o estudo pondera que seis candidatos teriam reais chances de vitória, segundo texto da revista Isto é, que encomendou a pesquisa. Os números também confirmam, em certa medida, a hipótese levantada pelo economista Eduardo Gianetti da Fonseca, durante o último Encontro EXAME de CEOs, no início de agosto.
Segundo ele, se Lula for candidato à presidência, a tendência é de uma disputa polarizada entre esquerda e direita — a exemplo do que aconteceu nas eleições de 2014. Sem Lula, o que deve acontecer, na visão dele, é uma campanha pulverizada, mais parecida com a de 1989. Nesse cenário, facilmente, candidatos iriam para o segundo turno com 20% dos votos. O que significa, praticamente, uma nova eleição na segunda rodada de votos.
A ex-senadora Marina Silva seria, segundo a pesquisa, a principal beneficiada pela saída de Lula da corrida eleitoral. Nos cenários em que o ex-colega de partido aparece, a candidata da Rede não passa dos 9,8% das intenções de voto. Sem Lula, seu desempenho sobe para 15,4% e ela fica na segunda posição.
Aspirante convicto dos votos de Lula, o pedetista Ciro Gomes cresce cerca de 3 pontos percentuais na pesquisa com a ausência de petista. O ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), provável herdeiro oficial do ex-presidente, não passa dos 4% das intenções de voto.
Agora, sem Lula, o número de brancos e nulos (por ora) subiria até 8 pontos percentuais e alcançaria os 22% das intenções.
Protagonistas de uma espécie de guerra fria dentro do PSDB, o prefeito de São Paulo, João Doria, e o governador do estado, Geraldo Alckmin, também foram avaliados pela pesquisa. Em todos os cenários, Doria supera seu padrinho político. Com Lula, o prefeito paulistano aparece com 11,5% das intenções de voto contra 8,4% de Alckmin. Sem Lula, o desempenho é de 13,5% e 9,7%, respectivamente.
O prefeito de São Paulo também leva a melhor em outros aspectos sondados pelo Paraná Pesquisas. Quando questionados sobre qual dos dois candidatos do PSDB teria mais chance de ganhar o seu voto para presidir o País”, Doria aparece com 36,9% e Alckmin, com 28%.
Para 36,8% dos participantes, Doria tem mais chances de derrotar o PT contra 28,5% que apontaram Alckmin. O prefeito é visto por 55% como um representante do “novo na política”. O governador, por 17,7%.
Além disso, Alckmin só perde para Lula em rejeição. Segundo a pesquisa, 47,2% dos entrevistados não votariam nele de jeito nenhum. Contra Doria, 36,8% declararam o mesmo.
Candidato | Intenção de voto |
---|---|
Bolsonaro | 19,6% |
Marina Silva (Rede) | 15,4% |
Doria (PSDB) | 13,5% |
Joaquim Barbosa | 8,9% |
Ciro Gomes (PDT) | 7,4% |
Álvaro Dias (Podemos) | 4,4% |
Fernando Haddad (PT) | 3,4% |
Henrique Meirelles | 2,3% |
Nenhum | 21,3% |
Não sabe | 4% |
Candidato | Intenção de voto |
---|---|
Bolsonaro | 20,9% |
Marina Silva (Rede) | 15,3% |
Geraldo Alckmin (PSDB) | 9,7% |
Joaquim Barbosa | 8,9% |
Ciro Gomes (PDT) | 7,4% |
Álvaro Dias (Podemos) | 4,6% |
Fernando Haddad (PT) | 4% |
Henrique Meirelles | 2,2% |
Nenhum | 22,5% |
Não sabe | 3,7% |
Candidato | Intenção de voto |
---|---|
Lula | 26,6% |
Bolsonaro | 18,5% |
Marina Silva (Rede) | 9,7% |
Doria (PSDB) | 11,5% |
Joaquim Barbosa | 7,5% |
Ciro Gomes (PDT) | 4,3% |
Álvaro Dias (Podemos) | 3,8% |
Henrique Meirelles | 1,5% |
Nenhum | 13,6% |
Não sabe | 2,9% |
Candidato | Intenção de voto |
---|---|
Lula | 26,5% |
Bolsonaro | 20% |
Marina Silva (Rede) | 9,8% |
Geraldo Alckmin (PSDB) | 8,4% |
Joaquim Barbosa | 8,3% |
Ciro Gomes (PDT) | 4,5% |
Álvaro Dias (Podemos) | 3,9% |
Henrique Meirelles | 1,6% |
Nenhum | 14,2% |
Não sabe | 2,8% |