debate sbt presidente 2022 (Lourival Ribeiro Rogerio Pallatta / SBT/Divulgação)
Alessandra Azevedo
Publicado em 24 de setembro de 2022 às 19h31.
Última atualização em 24 de setembro de 2022 às 19h39.
O segundo debate entre candidatos à Presidência da República começou às 18h15 deste sábado, 24, sem a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Participam seis postulantes ao cargo: Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União Brasil), Felipe D´Ávila (Novo) e Padre Kelmon (PTB).
O debate é realizado por um pool de veículos de imprensa formado por SBT, CNN Brasil, VEJA, Estadão/Eldorado, Nova Brasil FM e Terra. Além da transmissão ao vivo na televisão e nos sites dos veículos, os eleitores podem acompanhar nas redes sociais oficiais, como pela conta no YouTube do SBT:
No primeiro bloco do debate, a candidata Simone Tebet questionou Bolsonaro sobre os cortes propostos pelo governo no projeto do Orçamento de 2023, em áreas como educação e saúde, e afirmou que ele usa do chamado orçamento secreto para “comprar apoio do Congresso para poder se reeleger”.
O Executivo enviou o projeto do Orçamento de 2023 ao Congresso em agosto, com previsão de despesa de R$ 19,4 bilhões com emendas de relator, o orçamento secreto. O presidente afirmou que “não é justa nem verdadeira” a acusação de que ele tirou dinheiro de merenda escolar, “porque o Orçamento não foi votado ainda”.
“O Orçamento é feito a quatro mãos, Executivo e Legislativo”, disse Bolsonaro. “A senhora [Tebet] votou para derrubar o meu veto ao orçamento secreto. Vai ter a chance agora de pegar esse orçamento secreto e redistribuir para todos os ministérios, entre eles, o da Educação”, afirmou.
Tebet acusou Bolsonaro de mentir em cadeia nacional e disse que o presidente “não trabalha”, porque fica andando de moto e jet ski, e “não conhece a realidade do Brasil”. A candidata lembrou que ele disse que não há fome no país e “tirou dinheiro de creches e escolas para pagar apoio no Congresso”, o que, segundo ela, “é corrupção”.
Soraya Thronicke disse que Bolsonaro não reajusta merenda, tirou milhões de reais do programa Farmácia Popular e, em vez de comprar vacinas para covid-19, prefere gastar com leite condensado, próteses penianas e viagra. Segundo ela, o presidente “mentiu para todos nós brasileiros” e “estragou a reputação de uma direita que estava nascendo”.
Bolsonaro apontou que ajudou os mais pobres com o Auxílio Brasil, de R$ 600 (valor em vigor até o fim de 2022), "preferencialmente, as mulheres". "Hoje temos 21 milhões de famílias que recebem o Auxílio Brasil. 17 milhões são mulheres. Nosso carinho, atenção especial para as mulheres", disse.
O candidato que for eleito este ano poderá indicar dois ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) nos quatro anos de mandato. Questionado sobre as indicações, Bolsonaro disse que, se eleito, seguirá o perfil dos ministros Kassio Nunes Marques e André Mendonça, indicados por ele, que classificou como “dos mais lúcidos integrantes daquela Corte”.
Bolsonaro criticou o “ativismo judicial” e disse que há, no STF, uma “judicialização feita contra o Executivo”, que “atrapalha o desenvolvimento do Executivo”. Segundo ele, o Supremo interfere em questões de competência exclusiva do Congresso. “Partido políticos sem representação, em vez de entrar no Legislativo, vão ao Supremo”, criticou.
Bolsonaro aproveitou uma dobradinha com o candidato do PTB, Padre Kelmon, para falar de religião. O presidente tenta ampliar o apoio entre os católicos, grupo que, pelas pesquisas mais recentes de intenção de voto, estão majoritariamente com Lula. Bolsonaro vence entre os evangélicos.
Em pergunta ao candidato do PTB, Bolsonaro relacionou Lula ao presidente ditador da Nicarágua, Daniel Ortega. Disse que “padres estão sendo presos e freiras estão sendo expulsas do país”. “Ortega, o ditador, é amigo íntimo de Lula, que diz que nessas questões não devemos nos meter”, disse o presidente.
Padre Kelmon ressaltou que o Brasil é majoritariamente cristão e que acontece uma “perseguição ferrenha aos cristãos” na Nicarágua. Segundo ele, o Brasil corre o mesmo risco, “porque o ditador da Nicarágua é amigo do grupo do Foro de São Paulo”.
Bolsonaro elogiou a resposta do candidato do PTB e concordou que "não podemos aceitar perseguições a religiosos no mundo todo". O Brasil, segundo ele, "está de portas abertas para acolher padres, freiras e outros religiosos que estejam sofrendo perseguição".
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O próximo debate está marcado para o dia 29 de setembro, quinta-feira, na Rede Globo. Será o último embate direto entre os candidatos antes do primeiro turno das eleições, que será em 2 de outubro. Lula está confirmado, e Bolsonaro também deve participar. Os dois também participaram do primeiro debate, feito pela Band, em agosto.
Nas eleições deste ano, uma série de veículos se uniu em um formato batizado de pool, realizando um debate conjunto, em modelo comum nos EUA. Os debates antes do primeiro turno acontecem entre agosto e setembro. O segundo turno, se houver, será em 30 de outubro, com expectativa de debates durante as semanas anteriores.